Ibovespa fecha em queda pelo 5º dia seguido pressionado por commodities
Mercado opera com cautela à espera do pacote de corte de gastos prometido pelo governo; Dólar comercial recua ligeiramente, vendido aos R$ 5,69

O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,55%, aos 129,2 mil pontos. O Índice reflete a desaceleração global das commodities, com o petróleo e metais recuando no mercado internacional. Esse movimento teve impacto direto sobre as ações brasileiras ligadas ao setor de matérias-primas, que compõem um peso significativo no índice.
A aversão ao risco também foi amplificada pelas incertezas internas, especialmente com o futuro fiscal do país em foco.
O dólar operou em alta durante boa parte do dia, mas acabou fechando em ligeira baixa, vendido a R$ 5,69 no fim do dia. O patamar da moeda reflete a ansiedade dos investidores em torno de medidas fiscais concretas, aguardadas para o período pós-eleições municipais. O mercado está particularmente atento ao pacote de corte de gastos que o governo deve anunciar. Segundo André Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital, a magnitude dessas medidas será crucial: um pacote robusto, com cortes estruturais acima de R$ 40 bilhões, poderia aliviar a pressão sobre a curva de juros e fortalecer o real. No entanto, se o corte for menor ou temporário, o impacto poderá ser negativo, intensificando o estresse no mercado.
O especialista ressalta que o mercado está cansado de promessas e espera por ações tangíveis para melhorar o cenário fiscal. “Até que haja clareza sobre o pacote de cortes, o mercado deve permanecer volátil, com juros futuros e o câmbio operando sob pressão”, diz.
Nos Estados Unidos, a divulgação do Livro Bege trouxe sinais encorajadores para um “pouso suave” da maior economia do mundo. Embora o ritmo de crescimento esteja desacelerando, o aumento recente nos preços de alimentos sugere que o Federal Reserve deve adotar uma postura cautelosa em relação ao corte de juros. A expectativa do mercado é de um corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Fed.
O relatório reforçou essa perspectiva de continuidade no ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, o que contribuiu para aliviar a pressão sobre o câmbio. Com juros mais baixos nos EUA e a perspectiva de novos aumentos da Selic no Brasil, o diferencial de taxas acaba favorecendo o real, tornando os ativos brasileiros mais atraentes para os investidores.