O mercado financeiro aprofundou perdas ao longo do dia e encerrou o pregão desta sexta-feira em baixa de 1,77%, aos 133.364 pontos (preliminar). A tendência observada ao longo da semana de predominância do noticiário político sobre as decisões do mercado se acentuou com a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Pela manhã, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a operação, que incluiu mandados de busca e apreensão na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, e na casa de Bolsonaro, além do uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-mandatário.

A determinação de Moraes ocorreu pouco mais de uma semana depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma sobretaxa de 50% contra produtos brasileiros condicionada à situação jurídica de Bolsonaro, alegando que o ex-presidente estaria sendo perseguido pelo Judiciário brasileiro. Nesse sentido, os fatos de hoje aumentam o clima de tensão acerca das barreiras tarifárias contra o Brasil — enervando o mercado. “O investidor adota uma postura defensiva, atento ao impacto que as tensões comerciais podem ter sobre o crédito, o investimento produtivo e o emprego”, diz Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.

Na quinta-feira, 17, Trump publicou uma carta dirigida a Bolsonaro defendendo o encerramento da investigação contra ele. O embate instigado pelo líder norte-americano tem rendido frutos políticos para o presidente Lula, que observa uma melhora em sua popularidade e chances de vitória nas eleições de 2026 — outro fato que foi analisado pelos investidores ao longo da semana. Em meio à incerteza eleitoral, as ações da estatal Petrobras, principal empresa que compõe o Ibovespa, caiam 1,43% por volta das 16h25.

O dólar apresentou um movimento de alta nesta sexta-feira. A moeda americana encerrou o pregão de hoje com valorização de 0,83%, cotada a 5,58 reais (preliminar). A proximidade da entrada em vigor da sobretaxa americana, cuja implementação está marcada para agosto, eleva a percepção de risco no mercado brasileiro e faz investidores buscarem se precaver. “O dólar segue acima de 5,50 reais, evidenciando a busca por proteção diante do impasse diplomático entre Brasil e Estados Unidos e da possibilidade de desaceleração global (da economia)”, diz Pedro Ros, CEO da Referência Capital.

Entre as ações mais negociadas do dia, os papéis da própria bolsa brasileira, a B3, além de Banco do Brasil, Azul e Bradesco, apresentaram perdas expressivas de 5,46%, 2,27%, 8,7% e 2,56%, respectivamente. Apesar do desempenho negativo dessas empresas e da Petrobras, a segunda companhia com mais peso no Ibovespa, a Vale, teve ganhos que ajudaram a segurar o derretimento do índice. Os papéis da mineradora encerraram o pregão com variação positiva de 0,41%.

• Bolsa de Valores
• bolsonaro
• Ibovespa
• investimento
• Mercado financeiro
• tarifa
• tornozeleira eletrônica
• Trump