Homens mais ricos do mundo “empobrecem” US$ 356 bilhões sob Trump — mas um escapa
Megainvestidor Warren Buffett enriqueceu 11,5 bilhões de dólares desde a posse de Trump; Elon Musk lidera as perdas

Na cerimônia de posse de seu segundo mandato na Casa Branca, em janeiro, o republicano Donald Trump fez questão de ostentar a presença de alguns dos maiores empresários do mundo, posicionados em destaque no palco. Daquele 20 de janeiro até hoje, contudo, a elite empresarial dos Estados Unidos tem cada vez menos o que comemorar. Segundo o Bloomberg Billionaires Index, a guerra comercial lançada por Trump contra os parceiros comerciais dos Estados Unidos “empobreceu” seus aliados.
Os dez homens mais ricos do mundo perderam 358,75 bilhões de dólares com a guinada dos Estados Unidos em direção ao protecionismo expresso por sucessivas ondas de anúncios de sobretaxas às importações de países e produtos. O ápice – pelo menos, até agora – veio em 2 de abril com a assinatura da ordem executiva que estabelece uma tarifa mínima de 10% para as mercadorias estrangeiras que chegarem aos portos americanos.
A medida entrou em vigor no sábado passado e implodiu as principais bolsas de valores do mundo. Amanhã, 9, outro petardo deve atingir os mercado com o início da vigência das tarifas diferenciadas sobre os países com os quais os Estados Unidos acumulam os maiores déficits comerciais – caso da China, que será taxada em 34%, e da União Europeia, com 20%.
O impacto na conta bancária dos maiores bilionários do planeta foi imediato. Elon Musk, o homem mais rico do mundo, integrante do governo Trump e um dos mais sorridentes no palco da posse em janeiro, perdeu 135 bilhões de dólares neste ano, depois que a Tesla, sua montadora de carros elétricos, passou a ser hostilizada pelo vínculo entre seu fundador e a Casa Branca. Com isso, o patrimônio de Musk agora é de “apenas” 298 bilhões de dólares.
Jeff Bezos, fundador da Amazon e segundo homem mais rico do mundo, também ornamentou o palco da posse de Trump. Desde aquele dia, “empobreceu” quase 43 bilhões de dólares e sua fortuna hoje é estimada em 196 bilhões de dólares. Mark Zuckerberg, criador do Facebook e também exibido como um troféu por Trump em 20 de janeiro, perdeu 24,5 bilhões e possui agora 183 bilhões de dólares.
No Olimpo dos bilionários globais, apenas o megainvestidor Warren Buffett enriqueceu neste ano. Segundo a Bloomberg, Buffett ganhou 11,5 bilhões de dólares neste ano, elevando sua fortuna para 154 bilhões de dólares e colocando-o como o quarto mais rico do mundo.
O baque no patrimônio dos mais abonados não é um sinal de que Trump optou por promover uma política de redistribuição de renda por vias tortas. Onze bilionários fazem parte de seu gabinete com uma fortuna combinada, na época da posse, de mais de 450 bilhões de dólares. Cargos-chave da administração estão nas mãos de endinheirados como o secretário do Tesouro Scott Bessent, que já foi sócio de George Soros e a empresa de investimentos Key Square Group, e o secretário de Comércio Howard Lutnick, que trocou o comando da corretora Cantor Fitzgerald por Washington.
O forte impacto do tarifaço de Trump sobre a economia e o mercado financeiro dos Estados Unidos azedou o humor dos mais ricos. Nos últimos dias, diversos figurões que apoiaram a eleição do republicano vieram a público para criticar as medidas. Um exemplo é Jamie Dimon, presidente do conselho de administração e executivo-chefe do JPMorgan Chase, o maior banco de investimentos dos Estados Unidos. Em sua carta anual aos acionistas, Dimon alertou para os possíveis impactos do protecionismo trumpista.
O executivo afirmou que, caso a nova política externa americana contribua para o enfraquecimento econômico da Europa, “o cenário se parecerá muito com o mundo antes da Segunda Guerra Mundial.” Dimon ainda alfinetou o grande mote do governo Trump, ao afirmar que a política de “América Primeiro” não pode se transformar em “América sozinha”.