Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Gás para indústria e comércio já acumula alta de 34%

A política do preço do combustível permanece incerta, ao contrário do produto destinado ao consumidor residencial, cuja regra foi alterada

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 19 jan 2018, 09h21 - Publicado em 19 jan 2018, 09h19

Ao contrário do setor residencial, que a partir de agora terá reajustes trimestrais, os consumidores industriais e comerciais do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) vão continuar com imprevisibilidade em relação ao preço do combustível e cronograma de revisões. De junho do ano passado até dezembro, os reajustes médios da Petrobras nesse segmento somaram 34%, segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP (Sindigás).

A sequência dos aumentos abalou o caixa dos consumidores que dependem do combustível para produzir e provocou uma queda de 1,44% no consumo do gás até novembro do ano passado. A escalada dos preços chega num momento delicado da economia e do setor empresarial, que lentamente se recupera de uma grave recessão. 

Para as companhias, o cenário é complicado e sem muitas alternativas. Se de um lado o preço do gás não para de subir, a outra opção seria enfrentar o encarecimento da energia elétrica (combustível que poderia substituir o gás). Mas, apesar disso, algumas empresas estudam mudanças na matriz energética.

No passado, como o preço da eletricidade estava muito alto, alguns estabelecimentos converteram os equipamentos para gás, que era mais vantajoso por causa do preço. Hoje, no entanto, pegam o caminho inverso. Na empresa de Vicente Silva, dono de uma rede de panificadoras no Vale do Paraíba, 70% da produção era movida a gás e 30%, à energia elétrica. Com a alta do preço do gás, esse mix está em 50% cada. “Antes era 100% a eletricidade, mas trocamos os equipamentos para gás e agora somos obrigados a rever essa política”, diz Silva.

Mas nem todos tem essa opção. A proprietária da Mister Clean Lavanderia Industrial, Simone Montenegro, diz que a conversão das secadoras para energia elétrica significaria o fechamento do negócio. “Já fizemos essa tentativa, mas é inviável. Não temos saída.” Ela conta que, além de sofrer com os aumentos diretos do GLP, ainda tem de incorporar nos custos o avanço dos preços dos fornecedores pelo mesmo problema.

Continua após a publicidade

Atualmente há dois grandes segmentos de GLP. O P-13 é o botijão de 13 quilos vendido sobretudo para o consumidor residencial. O industrial e comercial usam o gás a granel, que são aqueles botijões maiores, fixos e que são abastecidos localmente. Os aumentos mensais ocorreram nos dois segmentos para repassar o preço praticado no mercado internacional.

Subsídio

O presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Mello, critica a política da Petrobras e acusa a estatal de promover um subsídio cruzado entre o residencial e o industrial/comercial. Os aumentos promovidos nos últimos meses foram feitos baseados nos preços internacionais. Para o executivo, o valor do GLP para as empresas está 36% acima da paridade internacional (que considera os custos de fretes e outros componentes). Enquanto isso, o valor do P-13, para o residencial, está 5,2% abaixo da paridade.

A Petrobras diz que os preços do gás para o consumo residencial obedecem uma resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que “reconhece como de interesse para a política energética nacional a comercialização” de GLP “a preços diferenciados e inferiores aos praticados para os demais usos”.

Continua após a publicidade

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbic), Adriano Pires, não condena a política da Petrobras de acompanhar o preço do mercado internacional, mas ele avalia que é preciso cortar os subsídios nessa área. “O produto é o mesmo para o residencial e para as empresas, então o preço tem de ser igual.” Pires afirma que não se pode usar combustível para fazer distribuição de renda, uma vez que quem usa GLP pode ser o consumidor pobre ou rico. “Se é para ter subsídio, então que recriem o vale-gás.”

As empresas que dependem do combustível criticam a falta de previsibilidade. Simone Montenegro, da Mister Clean, afirma que seus contratos preveem reajustes anuais com base no IGP-M. “Ou seja, não conseguirei repassar esses aumentos. No fim do ano, por exemplo, sempre contrato alguém para ajudar nas encomendas; neste ano, tivemos de fazer sozinhos os trabalhos extras.”

Na Metalcoating, empresa que faz revestimentos anticorrosivos de tubos, a situação é ainda pior. Os contratos são de três anos com reajustes indexados à inflação. “No ano passado, tivemos reajuste de 34%; o combustível representa 28% dos custos de fabricação e soma um aumento de custo direto de 9,6%”, afirma Felipe Marcicano de Goes, gerente industrial da empresa.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.