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Fundos de pensão tentam tirar Abilio Diniz do comando da BRF

Petros e Previ - dos funcionários da Petrobras e do Banco do Brasil - pretendem troca no conselho de administração da empresa dona da Sadia e da Perdigão

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 26 fev 2018, 10h03 - Publicado em 26 fev 2018, 09h57

Os fundos de pensão Petros (de funcionários da Petrobras) e Previ (do Banco do Brasil) começam a angariar o apoio de outros investidores para destituir todos os membros do conselho de administração da BRF, incluindo o presidente do colegiado, Abilio Diniz. O empresário está nesta função desde 2013. Uma carta com o pedido de convocação de uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre as mudanças no conselho da empresa, dona da Sadia e da Perdigão, foi entregue no sábado. No domingo, dois acionistas da BRF admitiram que ficarão do lado dos fundos de pensão na disputa.

O fundo inglês Aberdeen, que tem 5,02% da BRF, é um dos que apoiarão Petros e Previ. “O primeiro passo é uma reforma na governança, o que significa uma atualização completa do conselho incluindo o cargo de presidente”, afirmou o diretor-geral de equities da Aberdeen Brasil, Peter Taylor. Segundo ele, a BRF está operando abaixo do esperado e a chegada de novos nomes ao conselho pode melhorar os resultados financeiros da companhia. 

O apoio do Aberdeen é importante, já que se trata do principal investidor estrangeiro na BRF hoje. A empresa não tem controle definido e suas ações estão distribuídas nas mãos de diversos investidores. Petros e Previ são os maiores acionistas, com cerca de 11% cada um. O fundo brasileiro Tarpon, com 7,2%, é o terceiro maior, seguido pela Aberdeen. A Peninsula, braço de investimento da família de Abilio Diniz, tem 4%. 

A adesão da Aberdeen, além de dar corpo ao movimento, também ajuda Petros e Previ na tarefa de reunir apoio de outros investidores. Segundo Taylor, a Aberdeen começará a conversar a partir de agora com outros fundos estrangeiros. “Estamos confiantes de que a grande maioria deles dará apoio”, disse.

A gestora carioca JB Investimentos, do ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ex-BNDES José Luiz Osório, também afirmou que está do lado dos fundos. “Embora a trajetória de todos os atuais membros do conselho seja ótima, concordamos que a empresa precisa de renovação”, disse Osório. A JB tem pouco menos de 1% da BRF.

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Resultados

Na quinta-feira, a BRF divulgou prejuízo de 1,1 bilhão de reais, quase três vezes maior que o de 2016 (de 377 milhões de reais), o primeiro resultado negativo da história da companhia. O valor de mercado, que atingiu 54,5 bilhões de reais em 2015, hoje é de 23 bilhões de reais. 

Diante da falta de perspectiva de melhora no curto prazo, o conselho passou a ser, de novo, o alvo dos acionistas. No comando do colegiado desde 2013, Abilio assumiu, com apoio da Tarpon, e teve papel decisivo na escolha de seus últimos três presidentes executivos. Foi o apoio dele que levou José Aurélio Drummond ao comando no fim do ano passado. O futuro de Drummond, que além de presidente, é do conselho, ainda é incerto.

Também não está claro como o fundo Tarpon irá se posicionar. Os herdeiros da família fundadora da Sadia possuem dois lugares no colegiado, por meio de Luiz Fernando Furlan e Walter Fontana. Há tratativas para que sigam no conselho. Procurados, Furlan e Fontana não retornaram os pedidos de entrevista. O ex-presidente da BRF, José Antonio Fay, foi sondado para ir ao conselho, mas declinou. Fay não deu entrevista.

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Outro lado

Procurados, Abilio Diniz e Tarpon não comentam o assunto. Em comunicado, a BRF informou ter recebido, no sábado, cópia de correspondência destinada ao conselho de administração em que Previ e Petros pedem ao colegiado que convoque a AGE.

Também por meio de nota, Petros e Previ se manifestaram no domingo pedindo a eleição de 10 novos membros. Os fundos de pensão disseram que, com base no diagnóstico de mercado refletido pelo preço das ações da BRF, a estratégia da companhia precisa ser reformulada.

Com o envio da carta à BRF, o conselho tem agora oito dias para deliberar sobre a convocação da assembleia pedida por Petros e Previ. Caso não o faça, os fundos podem convocar a reunião. 

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