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Fim do horário de verão põe água no chope dos bares no happy hour

Medida diminui em 50% o faturamento dos estabelecimentos no final do expediente, diz associação de bares e restaurantes

Por André Romani Atualizado em 5 abr 2019, 17h32 - Publicado em 5 abr 2019, 16h52

Os bares serão os estabelecimentos mais afetados economicamente pela suspensão do horário de verão neste ano, anunciada nesta sexta-feira, 5, pelo presidente Jair Bolsonaro. O motivo é a diminuição no tempo de happy hour dos brasileiros. Com menos horas de sol após o expediente, os trabalhadores tendem a encurtar o período em que permanecem nesses locais ou até mesmo deixam de tomar a cervejinha depois do serviço.

Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, o horário de verão aumenta em 50% o faturamento dos bares no happy hour, entre 18h e 21h. “Isso afeta aproximadamente 5% do faturamento total do estabelecimento”, afirmou.

Apesar de ser contrário à medida proposta por Bolsonaro, devido às consequências para o setor, a Abrasel entende que a discussão não é óbvia. “Não temos condições de avaliar os custos e benefícios para toda a sociedade. Mas não está clara essa decisão para nós”, disse Solmucci.

Para o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Altamiro Carvalho, o setor de serviços é o mais afetado pelo fim do horário de verão. Já o comércio, segundo ele, sofre menos. “O horário de funcionamento do comércio é muito amplo.”

De acordo com Carvalho, não existe uma correlação do horário de verão com o aumento no fluxo de pessoas no setor. Além disso, com algumas horas extras de sol e potencialmente de sensação térmica mais alta —, os estabelecimentos mantêm o ar-condicionado ligado por mais tempo, anulando os efeitos econômicos de um possível aumento nas vendas.

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O ar-condicionado não é só uma questão para o comércio. O produto é protagonista dessa discussão, como explica Celio Bermann, coordenador do programa de pós-graduação em energia da USP.

Segundo o professor, o auge de consumo de energia elétrica pela população costumava ser entre 19h e 21h, devido ao uso de luz e chuveiro, além da utilização de serviço de transporte público de massa, como metrô. No entanto, esse pico sofreu mudanças e, atualmente, está na parte da tarde, das 14h às 15h. O motivo é o uso do ar-condicionado. “Essa mudança no pico torna o horário de verão discutível. Ele é utilizado em residências, principalmente no comércio, mas também na indústria e até na agricultura”, afirma.

Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que a economia com o horário de verão diminuiu ao longo dos anos. Em 2016, o último indicador divulgado pelo governo, foram economizados 147,5 milhões de reais. A economia chegou a ser de 405 milhões de reais em 2013.

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A discussão sobre a manutenção ou não do horário de verão não ocorre somente no Brasil. Diversos países do mundo também estão colocando na balança seus prejuízos e benefícios. Nações mais distantes da Linha do Equador, em geral, possuem mais vantagens ao implementar a medida, mas não é regra. Já aqueles distantes da linha, como o Japão, não alteram seus relógios, enquanto alguns próximos aos trópicos o fazem, como o Paraguai.

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