Exportadores de café cobram apoio do governo para buscar novos países, após tarifa de 50%
Sobretaxa dos Estados Unidos pode ser compensada com a venda para outros países, desde que o governo ajude

Os exportadores de café cobram apoio do governo para abrir novos mercados e compensar eventuais problemas causados pela sobretaxa de 50% que será aplicada pelos Estados Unidos às importações provenientes do Brasil a partir de 6 de agosto. Ao assinar a ordem executiva determinando a tarifa, o presidente americano, Donald Trump, incluiu uma lista de exceções com 694 produtos que escaparão de pagar a nova alíquota. O café, um dos principais itens de exportação do Brasil para o país, no entanto, ficou de fora.
Os Estados Unidos importam 90% de todo o café que consomem, e o Brasil é o seu maior fornecedor, com uma fatia de 30% do mercado. Por isso, o setor ainda aposta que Washington cederá à pressão das próprias empresas americanas que dependem do café brasileiro para manter os negócios. “Os clientes americanos simplesmente não podem abrir mão do café brasileiro”, afirma Márcio Ferreira, presidente da Cecafé, que representa os exportadores. “Além disso, os torrefadores não conseguirão mudar sua linha de produtos rapidamente.”
Mas, se a Casa Branca não mudar de posição, a única saída será buscar outros mercados. “Se os Estados Unidos começarem a comprar o café de outros fornecedores, abriria espaço para o café brasileiro em outros países”, diz Ferreira, lembrando que a oferta global do grão é muito próxima da demanda e, portanto, praticamente não há excedente. Se outro país aumentar o fornecimento para os americanos, deixará de atender os atuais clientes e deixará um espaço para os exportadores verde-amarelos.
Para abrir novos mercados ou ampliar os atuais, no entanto, os produtores esperam o apoio de Brasília. A principal queixa do setor são as tarifas aplicadas por outros países ao café nacional. “Mesmo nações consideradas amigas cobram uma taxa elevada”, diz Ferreira. A solução, segundo ele, passa por intensificar as negociações diplomáticas com potenciais compradores.
Outra iniciativa cobrada pelo setor é a criação de um programa de promoção do café brasileiro em outros países. O exemplo seria a Colômbia, que projetou seu produto no mercado global, a ponto de muitos identificarem o café colombiano como um dos melhores do mundo. “O Brasil erra muito em não ter uma política semelhante”, afirma Ferreira.
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