Expectativa dos bancos para 2025 é de Selic a 15% e dólar perto de R$ 6
A expectativa dos bancos é que o dólar permaneça perto de R$ 6,00 no curto prazo, com leve valorização, alcançando R$ 5,90 em meados de 2025

Pesquisa de expectativas feita pela Febraban com 19 bancos revela que 84,2% dos entrevistados acreditam que a taxa Selic, que pode atingir 15% ao ano até junho deste ano. No entanto, a maioria (52,6%) espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie um ciclo de flexibilização ainda em 2025, sinalizando algum alívio na política monetária ao longo do ano.
O aperto nos juros reflete a tentativa de conter uma inflação que deve ultrapassar o teto da meta. A maioria dos analistas (57,9%) projeta o IPCA, principal índice que mede a inflação, acima de 4,5%, pressionado por um mercado de trabalho aquecido, câmbio depreciado e atividade econômica ainda resiliente.
A expectativa dos bancos é que o dólar permaneça próximo de R$ 6,00 no curto prazo, com leve apreciação, alcançando R$ 5,90 em meados de 2025. A volatilidade cambial, segundo analistas, reforça o cenário inflacionário e impõe desafios adicionais à política monetária.
No campo fiscal, o pacote aprovado no Congresso é visto como um fator positivo, com economia projetada entre 40 bilhões de reais e 55 bilhões de reais nos próximos dois anos. Contudo, metade dos participantes da pesquisa estima que o PIB crescerá 2,0% em 2025, alinhado ao consenso de mercado. Outros 27,8% são mais pessimistas, citando o impacto do aperto monetário e da redução dos estímulos fiscais.
Crédito desacelera, inadimplência cresce
Para 2025, o crescimento do crédito deve acomodar-se em 9%, abaixo dos 10,5% esperados para 2024. A inadimplência também preocupa: a taxa da carteira livre deve subir para 4,7%, acima dos 4,5% previstos para 2024. As projeções para o crédito foram revisadas para refletir um cenário econômico mais desafiador, com condições macroeconômicas adversas, segundo Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Ele afirma, no entanto, que o crescimento do crédito deve ser considerado positivo. “Ainda que a reacomodação seja natural e esperada, os números podem continuar sendo considerados positivos, com crescimento projetado de um dígito alto, próximo ao verificado em 2024. As previsões são sensíveis à evolução dos números e aos resultados da economia, e conforme o cenário fiscal ficar mais claro e os indicadores sinalizarem resultados positivos, o crédito poderá voltar à faixa de dois dígitos”.
Ainda de acordo com a pesquisa, a expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre piorou. Para 2025, a projeção da inadimplência da carteira livre também se elevou um pouco e atingiu 4,7%, ante 4,5% na pesquisa anterior.
“Esses dados indicam que as instituições financeiras começam a ver um cenário mais negativo para a inadimplência do próximo ano e, por isso, precisamos analisar com atenção a performance das famílias e das micro, pequenas e médias empresas, diante do novo ciclo de alta dos juros”, diz Sardenberg.