Executivos da Nissan planejam sair da aliança com a Renault, diz jornal
Companhia japonesa de veículos avalia assumir processos de engenharia e produção sozinha, segundo o Financial Times
Executivos da Nissan planejam sair da aliança que a montadora faz parte junto com a francesa Renault. De acordo com o jornal britânico Financial Times, o plano inclui uma divisão total entre a equipe de engenharia e de produção, assim como o conselho administrativo da Nissan.
A decisão de mapear saídas para uma possível separação é mais um dos sinais de tensão entre as montadoras após a prisão e fuga do ex-chefe da aliança, o brasileiro Carlos Ghosn. Os planos incluem a divisão total em engenharia e manufatura, bem como mudanças no conselho da Nissan.
O jornal britânico afirma que mesmo com esforços para reforçar as relações, por parte de ambos os lados, a parceria com a Renault se tornou “tóxica” na avaliação da Nissan. Os executivos da montadora japonesa acreditam que a companhia francesa de carros é um empecilho e um rompimento completo poderia forçar as duas companhias a procurar por novos parceiros em uma indústria com quedas nas vendas e aumento de custos por conta da transição para veículos elétricos.
Isso poderia também deixar ambas as empresas menores enquanto rivais estão crescendo, como os casos de Fiat Chrysler e PSA se unindo e Volkswagen e Ford formando aliança própria.
Ghosn, ex-chefe das empresas, criticou duramente o rumo tomado pelas empresas e a “aliança de fachada” que mantém desde sua prisão no Japão em novembro de 2018. Só em 2019, a aliança vendeu 6,1% a menos de veículos e viu suas concorrentes produzirem mais.
Ghosn é acusado de quatro crimes de fraudes financeiras no Japão e fugiu para o Líbano, alegando um complô entre executivos da Nissan e a promotoria japonesa para o tirarem do cargo e evitarem uma fusão com a Renault.
Ações da Renault caem
As ações da Renault tocaram mínimas em seis anos nesta segunda-feira, após reportagem citando que a Nissan acelerou planos secretos de contingência para uma possível separação da montadora francesa, o mais recente sinal de que a queda do ex-presidente Carlos Ghosn está agitando a parceria de 20 anos. Às 09:00 (horário de Brasília), as ações recuavam 2,7%, A 70,72 euros. Na mínima, chegaram a 40,16 euros.
A parceria está em crise desde a prisão de Ghosn em Tóquio, em novembro de 2018, por alegações de má conduta financeira, que ele nega. Ele estava aguardando julgamento no Japão, quando fugiu para o Líbano.
“Acreditamos firmemente que a relação entre (Renault e Nissan) e, portanto, a aliança está quebrada e provavelmente está além do ponto de reparo”, escreveram os analistas Arndt Elinghorst e Chris McNally, da Evercore ISI, em nota divulgada nesta segunda-feira. Eles têm uma classificação de ‘underperform’ pata montadora francesa.
(Com Reuters)