EUA suspendem sobretaxa do aço para negociar, diz Temer
Representante dos Estados Unidos afirma que está negociando com Brasil, UE, Argentina e Austrália para conceder isenções às tarifas
O presidente Michel Temer informou nesta quarta-feira, 21, que os Estados Unidos começarão a negociar com o Brasil nova tarifa para importação de aço e alumínio. Ao falar sobre a medida, Temer disse que a nova tarifa não será aplicada aos produtos brasileiros enquanto as negociações estiverem em curso.
“Estou vendo agora uma declaração feita pela Casa Branca [sede do governo norte-americano] que o Brasil é um dos países com quem começarão as negociações visando a eventual exceção às tarifas sobre importação de aço e alumínio. As novas tarifas, diz a mensagem da Casa Branca, não se aplicarão enquanto estivermos conversando sobre o tema. Uma boa notícia”, disse o presidente, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), conhecido como Conselhão.
Ontem (20), Temer conversou com um representante da indústria brasileira produtora de aço. Na conversa, o presidente foi munido de argumentos para convencer o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a excluir o Brasil da nova tarifa.
A previsão era que as tarifas fossem aplicadas a partir desta sexta-feira, 23, duas semanas depois da promulgação por parte de Trump. Com o anúncio do governo americano, segundo informado por Temer, a aplicação da tarifa fica suspensa.
O anúncio foi feito pelo responsável pelo Comércio Exterior dos Estados Unidos. Robert Lighthizer afirmou que o país está negociando com Brasil, União Europeia, Argentina e Austrália para conceder isenções às tarifas sobre as importações de aço e alumínio, que entrarão em vigor daqui dois dias.
“Estamos em processo de conversas agora com Austrália, Argentina e UE, mas um grande número de países perguntou sobre isso. Outro país com o qual conversaremos em breve sobre isso é o Brasil”, disse Lighthizer durante uma audiência na Câmara de Representantes.
O presidente americano, Donald Trump, assinou no início de março a imposição das tarifas sobre as importações de aço e alumínio do país. Por enquanto, México e Canadá estão isentos por serem parceiros dos EUA no Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que está sendo renegociado.
Apesar de o próprio Trump já ter sugerido que a Austrália recebesse isenção, as declarações de Lighthizer são as primeiras de um membro do governo que confirmam negociações para ampliar a lista.
Dessa forma, segundo o responsável pelo Comércio Exterior dos EUA, Argentina, Austrália, UE e Brasil podem receber isenções. “Nossa esperança é resolver isso até abril”, disse. Por outro lado, Lighthizer afirmou que o caso da Coreia do Sul é um “problema particular” na questão do aço. No entanto, não quis esclarecer se o país receberá isenção.
Meirelles
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também destacou a decisão no início de seu fala e afirmou que ficava feliz com a notícia. Segundo Meirelles, na terça-feira, 20, ele teve um “diálogo serio, profundo, direto e cordial” com os secretários norte-americanos e expôs as razões que justificariam liberar o Brasil da taxação. “Uma sobretaxa no aço brasileiro vai em certas circunstâncias prejudicar o preço do aço americano, a indústria americana e o consumidor americano”, disse Meirelles, explicando que a indústria dos EUA utiliza aço produzido no Brasil.
Meirelles disse que apontou com dados aos americanos que “não faz sentido” a taxação no caso brasileiro. “Não há nenhum indício de prática anticompetitiva (por parte do Brasil)”, afirmou.
(Com Agência Brasil, EFE, Estadão Conteúdo e Reuters)