Haddad diz ver ‘sinal de interesse’ dos EUA em conversar sobre o tarifaço
Ministro disse que não há preocupação com a data de 1º de agosto, anunciada para iniciar o tarifaço, e que focam em 'conversas com calma'

Nesta terça-feira, 29, o ministro Fernando Haddad voltou a dizer que o Brasil continua disposto a negociar com os Estados Unidos sobre as tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump contra produtos brasileiros e que devem entrar em vigor nesta sexta-feira, 1. Em relação ao Brasil, sempre vai ser possível negociar, segundo o ministro.
“O Brasil nunca abandonou mesa de negociação. Eu acredito que, nesta semana, já há algum sinal de interesse em conversar. E há uma maior sensibilidade de algumas autoridades dos Estados Unidos de que, talvez, tenham se passado um pouquinho, e que queiram conversar”, disse Haddad a jornalistas, na porta do Ministério da Fazenda
O ministro disse que há sinais de maior abertura por parte de autoridades americanas. “Alguns empresários estão fazendo chegar ao nosso conhecimento de que estão encontrando maior abertura lá. Não sei se vai dar tempo até o dia 1º. Mas o que importa não é essa data fatídica. É uma data que pode ser alterada por eles, pode entrar em vigor e nós nos sentarmos e rapidamente concluirmos uma negociação.”
O plano para amenizar os efeitos do tarifaço
Haddad disse também que o presidente Lula está tranquilo em relação ao plano do Brasil para amenizar os efeitos do tarifaço. “São vários cenários que foram apresentados”, disse Haddad. Lula teria dito que não vai se fixar na data porque existe uma relação história com os Estados Unidos e que não há razão para esse clima de animosidade. “Não faz sentido para o presidente Lula. Tem um presidente eleito lá, tem um presidente eleito cá. Vamos negociar, vamos conversar”.
Segundo o ministro, o foco do governo brasileiro agora é obter uma resposta às duas cartas enviadas aos EUA desde maio. “O foco nosso é se manifestar em relação às duas cartas para que nós possamos mapear o que de fato está em jogo.”
Haddad se mostrou otimista com o plano de contingência. “Nós estamos muito confiantes de que preparamos um trabalho que vai permitir o Brasil superar esse momento. É um evento externo que não foi criado por nós, mas o Brasil vai estar preparado para cuidar das suas empresas, dos seus trabalhadores.” O ministro também afirmou que o plano tem medidas semelhantes às adotadas durante a pandemia para preservar empregos. “Mas quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente.”
Ligação de Lula e Trump
O ministro não comentou se o presidente Lula ligará diretamente para Donald Trump. Disse que não há obstrução nos canais diplomáticos, mas que há uma certa preparação para uma conversa entre dois chefes de Estado. “Tem que ter um certo protocolo. A gente tem que entender que o Brasil é grande. Isso não é arrogância nenhuma. É respeito à soberania do povo brasileiro.”
Haddad disse que o ex-presidente Bolsonaro tinha um estilo muito subserviente. “Isso não está à altura do Brasil. Bolsonaro foi o presidente mais subserviente da história do Brasil. Então, virar um pouquinho a página da subserviência e, com muita humildade, se colocar à mesa, mas respeitando os valores do nosso país.”
Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado: