EUA: Criação de 275 mil empregos em fevereiro supera expectativas
Apesar do aumento na criação de vagas, a taxa de desemprego subiu de 3,7% para 3,9%

Os Estados Unidos surpreenderam os analistas ao criar 275 mil vagas de trabalho, ultrapassando a estimativa de 200 mil vagas esperadas, no payroll de fevereiro. Esse aumento, divulgado pelo Departamento do Trabalho nesta sexta-feira, 8, reflete um crescimento significativo no mercado de trabalho, sugerindo uma dinâmica positiva na economia.
No entanto, esse crescimento veio acompanhado de um aumento na taxa de desemprego, que subiu para 3,9%, superando as expectativas dos analistas, que esperavam a manutenção da taxa em 3,7%. Esse fenômeno merece uma análise mais detalhada: apesar da criação de novas vagas, a taxa de desemprego aumentou, o que pode parecer contraditório à primeira vista. Entretanto, esse aumento na taxa de desemprego não significa necessariamente uma redução no número absoluto de empregos, mas sim um aumento na proporção de pessoas desempregadas em relação à força de trabalho total.
É importante observar que esse aumento no desemprego, que registrou uma queda de 184 mil pessoas ocupadas, ocorreu mesmo com um leve aumento na taxa de “idade ativa”. Isso sugere que, apesar do crescimento na criação de empregos, a população ativa no mercado de trabalho aumentou ainda mais, o que pode ter contribuído para o aumento da taxa de desemprego.
Além disso, os salários, outro indicador-chave, aumentaram apenas 0,1% no mês, abaixo das expectativas, e registraram uma desaceleração em relação ao ano anterior. Esse aspecto levanta preocupações adicionais, especialmente relacionadas à inflação, já que salários estagnados ou com crescimento lento podem indicar pressões sobre o poder de compra dos trabalhadores e sobre a demanda agregada na economia.
A chefe global de ativos da Janus Henderson, Adam Hetts, observa que o relatório de emprego traz mensagens mistas. “Enquanto a criação de 275 mil novos empregos e a manutenção do desemprego abaixo de 4% são sinais positivos para a economia, as revisões para baixo nos meses anteriores, o aumento do desemprego e os salários abaixo das expectativas indicam desafios”, avalia. “O risco de inflação persistente permanece, especialmente considerando o contexto de taxas de juros.”
O relatório é um importante termômetro sobre o aquecimento da economia americana e serve de parâmetro para definir os rumos da política monetário do banco central americano, o Federal Reserve (Fed). O presidente do Fed, Jerome Powell, recentemente descreveu o mercado de trabalho como “relativamente apertado”, indicando um equilíbrio melhor em comparação com períodos anteriores. Ainda assim, permanecem incertezas sobre o momento e a extensão das futuras reduções nas taxas de juros.