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Enquanto os acionistas do Facebook choram, Warren Buffett vende lenços

O megainvestidor nunca apostou um centavo na companhia e reconquistou sua posição no ranking dos bilionários, que era ocupada por Mark Zuckerberg

Por Luana Zanobia Atualizado em 14 fev 2022, 09h18 - Publicado em 12 fev 2022, 08h00

O megainvestidor Warren Buffett já declarou que considera o Facebook uma companhia “extraordinária”, mas nunca arriscou um centavo na companhia. A julgar pelas últimas semanas, deve estar muito satisfeito com essa decisão. Este mês de fevereiro deve ficar marcado na história do mercado acionário americano e também na da Meta Plataforms, novo nome com o qual foi rebatizado o Facebook há pouco mais de três meses. Os resultados nada animadores referentes ao quarto trimestre de 2021 da companhia co-fundada por Mark Zuckerberg, que reúne as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp, gerou uma verdadeira hecatombe no preço de suas ações, eliminando 230 bilhões em valor de mercado em único dia.

Com a queda de 26% das ações da Meta, o megabilionário Buffett reconquistou a sua posição no ranking dos mais ricos do mundo, voltando a ocupar o sétimo lugar, posto que vinha sendo ocupado por Zuckerberg, fundador e principal acionista da Meta. O patrimônio de Buffett é calculado em 111,3 bilhões de dólares, enquanto o de Zuckerberg, que era de 128 bilhões de dólares, caiu para 84,8 bilhões de dólares.

Historicamente, Buffett sempre foi avesso aos papéis de tecnologia por considerar mais simples “descobrir quanto vale a Coca-Cola do que o Google ou Facebook”, por exemplo. Os papéis de tecnologia passaram a ser uma aposta recente do portfólio da Berkshire Hathaway, a sua holding de investimentos, que é composto basicamente por empresas de valor, aquelas tradicionais e estruturadas, voltadas para o setor bancário, de energia e infraestrutura. Em 2016, Buffett passou a dar uma chance para o setor com a compra de ações da Apple. A Berkshire possui uma participação de 5,4% de ações na empresa fundada por Steve Jobs, representando cerca de 40% de seu portfólio, segundo a InsiderScore.com. “Não penso na Apple como uma ação. Eu penso nisso como nosso terceiro negócio”, disse Buffett em uma entrevista para o canal de televisão CBNC em 2020.

Recentemente, a Apple quebrou o recorde mundial ao alcançar a marca de 3 trilhões de dólares de valor de mercado, a maior de uma empresa de capital aberto, rendendo ganhos superiores a 120 bilhões de dólares para Buffett. Mas os ganhos do bilionário com a Apple podem ficar ainda maiores, e fazê-lo se distanciar ainda mais Zuckerberg na lista das maiores fortunas.

A mudança da política de privacidade da empresa da maçã — que agora permite que os usuários do sistema operacional (IOS), utilizado nos telefones iPhone, bloqueie o rastreio dos hábitos de consumo dos usuários — está sendo um dos principais motivos para derrubar a Meta, que já perdeu 10 bilhões de dólares com isso, comprometendo cerca de 10% da receita de 117,9 bilhões de dólares. Cerca de 98% das receitas da companhia são de anúncios on-line, e rastrear os dados dos usuários é considerado essencial para Facebook na venda de anúncios direcionados. A Apple também já sinalizou que pretende disputar o metaverso, a principal aposta de Mark Zuckerberg para o futuro e para a sobrevivência da sua companhia.

O golpe da Apple na principal fonte de receita da Meta pode tornar os planos de Zuckerberg no metaverso mais difíceis, enquanto abre caminho para ela própria encravar sua marca nessa nova promessa de realidade virtual e gerar ainda mais valor para Warren Buffett e seus demais investidores.

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