Em ato unificado de 1º de maio, CUT e Força Sindical aprovam greve geral
Para representantes do sindicalismo, 'enfrentamento nas ruas' é a única forma de barrar a proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro
No ato unificado de celebração do Dia do Trabalho, nesta quarta-feira, 1º, as principais centrais sindicais aprovaram uma greve geral, marcada para o dia 14 de junho, às vésperas da data prevista para votação da reforma da Previdência no Congresso Nacional.
Em São Paulo, no Vale do Anhangabaú, participaram do ato a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral de Trabalhadores (UGT), Intersindical, Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Nova Central, Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo. Representantes das centrais estimaram em 200.000 o número de pessoas no Anhangabaú.
“Está aprovado. O Brasil irá parar em defesa do direito à aposentadoria dos brasileiros e das brasileiras. A única forma de barrar essa reforma é fazer o enfrentamento nas ruas. É greve geral”, afirmou Vagner Freitas, presidente da CUT.
Segundo Freitas, a proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro é “cruel com o povo”. “Se [Paulo] Guedes quer arrecadar 1 trilhão de reais, que vá tributar os ricos e milionários que têm jatinho, avião e jet ski. Não venha querer tirar do povo trabalhador”, acrescentou. Para o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, “ou essa reforma para de tramitar ou paramos o Brasil”.
Discurso semelhante adotou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Ele destacou a “unidade” construída pelas centrais sindicais contra a reforma da Previdência. “A unidade se faz na luta constante e estaremos juntos até o fim para barrar a reforma da Previdência”, disse.
Torres ressaltou, ainda, a inédita união das dez centrais sindicais no ato desta quarta-feira. “Sempre foi um sonho nosso [o ato unificado]. Por mais divergência que a gente possa ter, a conjuntura nacional nos levou a este momento histórico”, explicou o presidente da Força Sindical.
Apesar do discurso de unidade, militantes da CUT vaiaram Paulinho da Força, que afirmou, nesta quarta-feira, que os partidos que se reúnem no chamado Centrão discutem o apoio a uma reforma da Previdência que não “garanta” a reeleição de Bolsonaro em 2022.
Haddad
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad fez críticas ao governo de Jair Bolsonaro, com quem disputou o segundo turno das eleições presidenciais no ano passado. “O governo [Bolsonaro] está levando à frente a agenda econômica de Temer, com corte de direitos sociais, corte de direitos trabalhistas e corte de direitos previdenciários”, disse.
Haddad ainda questionou onde estavam os empregos que a oposição ao governo do PT havia prometido. “Não era só tirar a Dilma? Cadê o emprego e a renda? Só no mês passado perdemos 43.000 postos de trabalho com carteira assinada”, disse o petista.
Apesar do ambiente hostil a Bolsonaro, Haddad descartou que o mote do ato fosse um “Fora, Bolsonaro”. Na avaliação do petista, processos de impeachment não podem ser usados dessa forma. “Isso a gente tem de ter muito cuidado, porque a Constituição estabelece que impeachment tem de ter crime de responsabilidade. Não pode ser palavra de ordem. Crime de responsabilidade é uma coisa e temos de ser estritamente fiéis à Constituição”, afirmou.
Bolsonaro
Em meio às manifestações contra a reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro fará um pronunciamento, em rede nacional de rádio e TV, por ocasião do Dia do Trabalho, nesta quarta-feira, às 20 horas. Ele deverá relatar esforços do governo para reverter as taxas de desemprego do país.
O presidente deve ressaltar que as medidas econômicas que estão sendo adotadas pelo governo têm como objetivo alavancar investimentos e a geração de empregos.
(Com Estadão Conteúdo)