Elo: O desafio de crescer em um setor já maduro
Com foco no mercado nacional e soluções tecnológicas ágeis, a empresa lidera os meios de pagamento em um ambiente caracterizado por competição acirrada
Para se distinguir das bandeiras globais que dominam o setor de meios de pagamento, a Elo, fundada em 2011, aposta em um diferencial: o fato de ser uma empresa totalmente brasileira, com foco exclusivo no mercado local. A brasilidade se manifesta, por exemplo, na nomenclatura adotada para dialogar com o consumidor. Os cartões de crédito Grafite e Nanquim substituem os tradicionais Gold e Black, e a estratégia de patrocínio abrange festividades regionais como o São João e o Carnaval, oferecendo pré-vendas e espaços vips. Em turnês patrocinadas de artistas como a cantora Maria Bethânia, mais de 80% dos ingressos nas pré-vendas são adquiridos por clientes da Elo, consolidando o vínculo com a cultura brasileira.
Essa identidade nacional, segundo Giancarlo Greco, presidente da Elo, traduz-se em vantagem competitiva concreta. “Por sermos uma empresa 100% brasileira, não temos amarras globais nem precisamos adaptar modelos de outros países”, afirma. “Isso nos permite implementar soluções com rapidez, o que é um grande diferencial num mercado em constante transformação.”
A agilidade mencionada por Greco se reflete na infraestrutura tecnológica da companhia. Operando com uma plataforma inteiramente hospedada em nuvem, a Elo foi pioneira no Brasil ao desenvolver um código QR conectado à rede de aceitação para viabilizar pagamentos do auxílio emergencial durante a pandemia. O sistema permitiu que beneficiários realizassem compras diretamente em estabelecimentos, sem necessidade de saque em caixa eletrônico ou agência. Atualmente, a empresa avança na integração do Pix com os cartões físicos. “Imagine poder fazer uma transação Pix com o seu cartão por aproximação, como já faz com débito ou crédito. Essa interoperabilidade será o futuro”, afirma Greco.
Os resultados financeiros mostram que a estratégia da Elo tem funcionado. Em 2024, a companhia registrou receita líquida de 1,7 bilhão de reais e lucro líquido de 594 milhões, com rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 53,8% — o maior retorno entre as melhores empresas do setor. Com estrutura enxuta, mantém cerca de 40 milhões de cartões ativos e 22 milhões de estabelecimentos credenciados. Ao todo, 37 emissores operam com a bandeira. No mesmo ano, a Elo movimentou 335 bilhões de reais em transações, com previsão de crescimento de 8% a 10% em 2025.
Os números robustos, contudo, não escondem os percalços à frente. Segundo o consultor Edson Luiz dos Santos, da Colink Business, o principal obstáculo para a Elo é crescer em um mercado maduro e altamente competitivo, no qual cerca de 90% do consumo das famílias brasileiras já ocorre por meios eletrônicos — e onde o Pix avança rapidamente sobre o espaço dos cartões, especialmente o de débito, segmento em que a Elo concentra sua maior participação (cerca de 15% do mercado).
Controlada por Bradesco, Banco do Brasil e Caixa, a Elo também enfrenta a falta de priorização por parte de seus próprios acionistas, que continuam emitindo cartões Visa e Mastercard. “A Elo precisa convencer seus acionistas a fortalecer a marca, atrair novos emissores e se reinventar para não perder relevância em um setor no qual o Pix avança e as margens das empresas tradicionais encolhem”, afirma Santos. Com a concorrência cada vez mais acirrada, uma coisa é certa: ninguém terá vida fácil nos próximos anos.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19
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