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Efeito dominó: quando a alta no diesel deve impactar preço dos alimentos

Em reunião com Lula, presidente da Petrobras anuncia aumento entre R$ 0,18 e R$ 0,24 no valor do óleo

Por Leticia Yamakami Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 jan 2025, 20h23

Nesta segunda-feira, 27, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, que sinalizou que a empresa terá que reajustar o preço do diesel. Os integrantes da estatal estimam que o aumento deve ser entre 0,18 reais e 0,24 reais por litro do combustível, mudança que pode ser aprovada já nesta quarta-feira, 29, quando o Conselho de Administração da petroleira se reúne. Por enquanto, os valores da gasolina e do gás de cozinha não terão alterações.

A mudança ocorre, segundo o setor de transportes, devido a uma defasagem nos preços dos combustíveis, principalmente no diesel, já que a petroleira não realizou nenhuma intervenção no valor do combustível durante todo o ano de 2024. De acordo com dados da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do óleo chegou a 16% em relação ao preço internacional, o equivalente a 0,50 reais por litro. Esse desajuste prejudica a margem de lucro da Petrobras, o que também insatisfaz os acionistas privados.

Essa medida é recebida pelo governo Lula em um cenário já tenso, em que a equipe visa controlar os preços dos alimentos, setor que encareceu 7,69% no acumulado do ano anterior e foi a principal causa da alta acima do esperado no IPCA-15 de janeiro, índice que prevê a taxa de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O setor de transporte foi o segundo que mais impactou a taxa, e a subida no preço do diesel pode inflacionar ainda mais os alimentos.

“Qualquer alimento que chega aos supermercados depende de transportes, que, por sua vez, dependem de combustíveis”, explica a economista Fernanda Mansano. A partir disso, o aumento no valor do diesel impacta diretamente no preço dos alimentos e em outras áreas da economia que estão relacionadas aos combustíveis. Segundo a especialista, o resultado não será imediato, mas o “efeito dominó” da alta inflacionária deve ser visto em até dois meses.

Apesar do encarecimento, Mansano ressalta que o consumo de alimentos no país é constante, além de dependerem da questão da sazonalidade. “Não é só o diesel que afeta o preço dos alimentos. Quando uma safra é super positiva, por exemplo, ela pode diminuir o valor de um alimento ou impedir que ele suba tanto”, afirma.

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Mesmo com todos esses aspectos, um fator poderoso para a diminuição dos preços do setor alimentício é a taxa de câmbio, segundo especialistas. “Se o dólar cair para 5,70 ou 5,60 reais, terá um efeito poderosíssimo para os alimentos”, afirma o economista Paulo Gala a VEJA.

Ele reforça que produtos como soja, trigo, carnes e café dependem da cotação do real/dólar, já que são preços determinados no mercado internacional. “Se a Petrobras subir o diesel e o ICMS, terá algum efeito na inflação de alimentos. Mas, perto do câmbio, isso se dilui”, comenta Gala, que relembra que o que causou o aumento de preços foi a desvalorização do real em mais de 25% em 2024.

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