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Dólar tem forte queda com guinada do Fed por juros mais modestos

Postura mais amigável em relação aos juros faz renda fixa americana ficar menos atrativa

Por Felipe Erlich Atualizado em 22 mar 2023, 19h30 - Publicado em 22 mar 2023, 17h24

Mesmo que em linha com o que era esperado pelo mercado, a alta dos juros americanos de 0,25 ponto percentual anunciada nesta quarta-feira, 22, teve um efeito substancial na cotação do dólar em relação ao real. A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ocorreu por volta das 15h no horário de Brasília, quando a moeda americana era cotada a 5,27 reais. Menos de uma hora depois do anúncio, o dólar desabou para 5,21 reais, um reflexo das vantagens que os juros mais baixos nos Estados Unidos trazem ao Brasil.

Quando muito elevados, os juros americanos estimulam aplicações em produtos de renda fixa nos EUA, considerados alguns dos investimentos mais seguros do mundo. Com isso, a procura por dólares no Brasil – e seu preço – aumenta. O contrário ocorre quando os juros americanos estão em patamares mais baixos, fazendo com que investir na renda fixa americana compense menos. Por mais que os juros praticados pelo Fed não tenham sido de fato reduzidos e continuem altos em perspectiva histórica, a sinalização do banco foi de que o espaço para aumentá-los claramente diminuiu, como apontado por analistas.

Não há consonância total entre agentes do mercado a respeito de qual será a decisão do Fed em sua próxima reunião, marcada para os dias 2 e 3 de maio. Entretanto, a mudança no tom do órgão foi clara para o mundo das finanças. Ao admitir a existência de uma crise de crédito com efeitos adversos, além de ser menos enfático em sua menção a ajustes futuros na taxa de juros, o banco indica que a tendência é de menos contracionismo econômico, ou seja, uma flexibilização de sua política.

Para o economista André Perfeito, o fim dos aumentos de juros pelo Fed é provável. “Acredito que o fim desse ciclo virá. O Fed tem falado em eventos recentes que restringem o acesso a crédito, como a falência do Silicon Valley Bank (SVB). Esses eventos têm efeito análogo à alta de juros, desacelerando a economia, então o Fed não precisa aumentar os juros porque o efeito duro dessa política vem também da quebra do SVB e da crise no Credit Suisse”, diz. Já André Fernandes, sócio da A7 Capital, espera por mais uma alta de 0,25 ponto na próxima reunião, devido à revisão para cima nas projeções de inflação no país. Contudo, Fernandes reconhece um tom menos contracionista do Fed ao se referir às condições de crédito nos EUA.

Também é apontado por analistas que o Federal Reserve não sabe mensurar precisamente qual será a extensão da crise de crédito que acomete os EUA e, por consequência, seu efeito na desaceleração da economia. Partindo disso, faz-se uma avaliação de que o próximo passo do banco dependerá do que for observado nos próximos meses. “Se o tranco da crise de crédito for muito forte, pode significar o fim do ciclo de altas. Quanto mais apertado fica o crédito, menos juros serão precisos. Nesse sentido, é esperto pensar em mais uma alta que pode ser reavaliada depois, observados os efeitos da crise bancária”, diz Marco Caruso, economista-chefe do banco Original.

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