Dólar sobe e bolsas operam em queda no pré-mercado após a ‘superquarta’
Moeda se valoriza diante ao real após o Fed manter os juros inalterados e sinalizar que não deve ceder à pressão de Trump para reduzir a taxa

Nesta quinta-feira, 30, os mercados globais reagem às decisões de política monetária dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil. A cotação do dólar saltou para R$ 5,90, enquanto a bolsa brasileira abriu em queda, seguindo o movimento das bolsas americanas. As decisões do Federal Reserve (Fed) e do Banco Central do Brasil não surpreenderam os analistas, mas seus comunicados trouxeram nuances importantes.
Nos Estados Unidos, o comunicado do banco foi visto como mais cauteloso e retirou a expressão “progresso desinflacionário” do seu discurso, sugerindo que o caminho para uma inflação sob controle pode ser mais tortuoso do que antes se pensava, e que não há pressa para reduzir os juros. Questionao sobre a crítica de Donald Trump sobre os juros altos, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o povo americano precisa acreditar no trabalho do banco.
Os investidores aguardam agora a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA às 10h30 (horário de Brasília), que deverá fornecer mais pistas sobre o ritmo de crescimento econômico e influenciar as expectativas sobre o futuro das taxas de juros. Se o crescimento vier abaixo do esperado, o Fed pode ser forçado a reconsiderar seu posicionamento.
No Brasil, o Banco Central, sob a nova liderança de Gabriel Galípolo, manteve o curso esperado ao subir as taxas de juros em mais um ponto percentual. O Copom indicou que os juros deverão ser elevados em mais um ponto percentual e sinalizou que o fim do atual ciclo de aperto monetário, que já se estende por quatro reuniões consecutivas, dependerá da convergência da inflação para a meta.
O real é pressionado pela força do dólar no cenário global, ao mesmo tempo em que os investidores processam os desdobramentos da política fiscal do governo brasileiro, que deve ser influenciada pelos dados do resultado primário do Governo Central e pelos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), esperados para dezembro de 2024. Esses indicadores darão uma visão mais clara sobre o estado da economia brasileira e ajudarão o mercado a ajustar suas expectativas para a política monetária no futuro.
A bolsa brasileira acompanha a queda das ações americanas no pré-mercado, à medida que os investidores se mantêm cautelosos diante da incerteza global e das altas taxas de juros locais, que continuam a pesar sobre o apetite por risco. As empresas mais sensíveis à taxa de juros, como as de consumo e construção civil, são as mais penalizadas nesse cenário, refletindo o impacto de um ambiente de crédito caro e menor demanda interna.