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Dólar encerra cotado a R$ 6,18 após rebaixamento da bolsa brasileira

O banco HSBC mudou de "neutra" para "underweight" (abaixo da média de mercado) a recomendação da B3, o que tende a aprofundar a saída de capital estrangeiro

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 jan 2025, 17h05

O dólar voltou a subir nesta sexta-feira, 3 de janeiro, cotado a R$ 6,18, após ter atingido seu menor valor em dez dias semanas no dia anterior. O salto da moeda reflete um conjunto de fatores que pressionam o cenário econômico brasileiro, com destaque hoje para o rebaixamento da recomendação do HSBC para a bolsa brasileira, de “neutra” para “underweight” (abaixo da média de mercado).

Esse movimento tende a intensificar a saída de capital estrangeiro do país, ampliando a já considerável fuga de recursos em 2024. De acordo com a consultoria Elos Ayta, os investidores estrangeiros retiraram 24,2 bilhões de reais da bolsa brasileira ao longo de 2024, marcando o primeiro saldo negativo desde 2019. Essa saída de capital reduz a oferta de dólares no país, gerando escassez da moeda estrangeira. Como resultado, com a menor disponibilidade de dólares no mercado, a cotação da moeda americana sobe, aumentando sua valorização frente ao real. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda pressiona ainda mais o câmbio, intensificando a desvalorização da moeda brasileira.

O comunicado do banco também gerou impacto no Ibovespa, que registrou queda de mais de 1%, aos 118,5 mil pontos.

A decisão do HSBC de ajustar sua avaliação reflete uma combinação de desconfiança em relação ao futuro da economia brasileira e condições de mercado globais menos favoráveis. O pacote de cortes de gastos anunciado recentemente pelo governo, em um esforço para ajustar as contas públicas, foi recebido com ceticismo pelos investidores, que esperavam medidas mais robustas para combater a alta persistente da inflação e o real desvalorizado. Em vez de restaurar a confiança, o plano aprofundou a desconfiança.

A desvalorização do real, combinada com a pressão externa de juros globais ainda elevados, agrava o cenário econômico brasileiro. Embora o Federal Reserve dos EUA tenha iniciado cortes nas taxas de juros, elas permanecem em níveis relativamente altos, tornando o mercado americano mais atrativo para investidores, que veem os EUA como um destino mais seguro para seus recursos. Além disso, o Fed tem indicado que os cortes serão graduais, o que mantém a atratividade dos títulos americanos, prolongando a migração de capital para economias desenvolvidas e aumentando a pressão sobre mercados emergentes como o Brasil.

Para o governo brasileiro, o desafio de 2025 será encontrar um equilíbrio entre o controle fiscal e a necessidade de reativar a economia. Até agora, as medidas propostas parecem ter gerado mais dúvidas do que confiança. Em um ambiente global cada vez mais avesso a riscos, o Brasil terá que lidar com os impactos de um real desvalorizado e de uma bolsa de valores que luta para se manter competitiva em um cenário de fuga de capitais. O risco, no entanto, é que a combinação de fatores internos e externos crie uma espiral descendente difícil de conter.

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