Dólar e Ibovespa têm sessão volátil com guerra comercial de Trump e inflação no Brasil
Presidente dos EUA confirma tarifas de 25% sobre aço importado; IPCA avança 1,31% em fevereiro

Em mais um dia de penúria dos investidores que acompanham os desdobramentos das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a outros países, o dólar fechou em queda de 0,1%, cotado a 5,808 reais, enquanto o Ibovespa terminou o pregão com alta de 0,29%, aos 123.866 pontos.
No mercado externo, os investidores acompanharam a confirmação de Trump da cobrança de tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, que passam a valer a partir de hoje. A medida vai atingir “todos os parceiros comerciais, sem distinção”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, em comunicado.
O Brasil também será diretamente afetado, uma vez que é o segundo maior exportador de aço para os americanos e metade de sua produção tem o país como destino. No entanto, não foram anunciadas retaliações por parte do Brasil, somente pela União Europeia, que confirmou a imposição de tarifas adicionais sobre produtos americanos, em uma sobretaxa que deve alcançar 26 bilhões de euros em importações.
A isso se soma a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos, que registrou alta de 0,2% em fevereiro, uma desaceleração em relação à alta de 0,5% em janeiro. Embora importantes para balizar o futuro da política monetária americana, os dados de inflação foram recebidos sem grande destaque pelo mercado, visto que as preocupações estão muito mais voltadas ao “tarifaço” de Trump no curtíssimo prazo.
No cenário doméstico, ainda em relação às tarifas de importação sobre o aço, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assegurou, em rápida conversa com jornalistas, que a prioridade do governo brasileiro nesse momento são as negociações para reverter as tarifas e que “a mesa de negociação já está aberta com o governo americano”.
Na agenda de indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado referência oficial para a inflação do país. O avanço foi de 1,31% em fevereiro, dentro das expectativas de analistas, mas ainda a maior alta para um mês de fevereiro desde 2003 (1,57%) e a maior taxa desde março de 2022 (1,62%). O principal setor responsável pelo maior impacto nos preços foi o de energia elétrica residencial, que aumentou em 16,80%.
Agora, os investidores aguardam os próximos passos do governo federal e do Banco Central em relação à política monetária. Embora dentro do esperado, a inflação vem mostrando resiliência a cada leitura, indicando um movimento ainda voltado ao aperto monetário pelo BC — circunstância em que ativos de risco, como a bolsa, se tornam menos atrativos.