Sob efeito do coronavírus, dólar chega a R$ 4,286 e registra novo recorde
Real tem a maior desvalorização para janeiro em relação ao dólar dos últimos dez anos: queda de 6,86%
O dólar seguiu cravando novos recordes durante o pregão desta sexta-feira, 31, sob efeito do coronavírus. A moeda americana encerrou o dia cotada a 4,286 reais, alcançando o maior valor nominal da história em relação à moeda brasileira. Durante a semana, a desvalorização do real frente ao dólar foi de 2,39%. Em janeiro, a moeda americana disparou 6,86%, a maior alta para o mês desde janeiro de 2010 — ou seja, há dez anos que a moeda brasileira não tinha um desempenho tão ruim no primeiro mês do ano.
Nesta sexta-feira, o Banco Central realizou um leilão de linha de 3 bilhões de dólares para estancar os danos da epidemia chinesa, mas, a ação não surtiu o efeito esperado, que era frear a alta do dólar frente ao real. Para a próxima semana, a instituição pretende realizar leilões de swap cambial avaliados em 11 bilhões de dólares. “Se tivermos um controle da epidemia, pode ser que o BC volte atrás nos leilões na próxima semana”, diz Mauriciano Cavalcante, diretor da corretora Ourominas.
Além do dólar, viu-se valorização do ouro. Especialistas explicam que, em momentos de contenção de riscos, é normal que os investimentos migrem para a moeda americana. “Quando a aversão ao risco cresce, o dólar e o ouro se destacam”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset.
Para a próxima semana, a tendência é que as moedas de países emergentes continuem se desvalorizando. Nesta sexta-feira, além do real, o dólar viu alta sobre o rublo russo (1%) e o peso mexicano (0,76%). “O mercado está volátil. Hoje, está saindo mais dinheiro do que entrando nos países emergentes”, diz Cavalcante.
Bolsa
O principal índice da bolsa de valores de São Paulo encerrou em queda nesta sexta-feira, pressionado por papéis como Vale, Petrobras e do setor bancário, segundo dados preliminares de fechamento. O Ibovespa fechou em baixa de 1,66%, a 113.605 pontos. Os ganhos foram liderados por JBS SA, que subiu 2,3%, e as perdas por Cia Hering, em baixa de 3,8%.
No mês, a queda foi de 1,6%. A bolsa não registra um início de ano tão ruim desde 2016, ano que marcou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
(Com Reuters)