Dia é de recuperação nas bolsas globais, mas confiança segue abalada
Dia é de trégua após dias de pânico, mas tensões entre China e EUA mantêm investidores em alerta e podem reverter o clima a qualquer momento

Após três sessões consecutivas marcadas por pânico e liquidação generalizada, os mercados globais tentam nesta terça-feira, 8, encontrar algum alívio. A aparente trégua é, no entanto, frágil e impulsionada por movimentos técnicos de recomposição de carteiras — investidores buscam oportunidades em ações que ficaram excessivamente descontadas após os últimos dias de forte correção.
No Brasil, o Ibovespa acompanha o movimento internacional e volta a operar no azul. O principal índice da B3 subia e se mantinha na faixa dos 126,7 mil pontos no meio do dia, em linha com a recuperação observada em Nova York e Europa. Ainda que o alívio momentâneo seja bem-vindo, o pano de fundo segue carregado por incertezas que limitam o apetite por risco.
No centro das preocupações está o agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Os investidores acompanham com atenção o desfecho de um novo capítulo de tensões. Pequim tem até o meio-dia desta terça-feira (13h no horário de Brasília) para reavaliar a decisão de impor tarifas de 34% sobre produtos americanos. Caso a retaliação chinesa se mantenha, o presidente Donald Tramp ameça impor tarifas adicionais de 50%, com entrada em vigor prevista para amanhã. A escalada verbal entre as duas potências levanta temores de que a breve recuperação dos mercados possa ser interrompida abruptamente.
No câmbio, o dólar registrava leve queda, mas operava próximo da estabilidade, e era negociado a R$ 5,89 às 11h40. A trégua parcial reflete um respiro nos mercados emergentes, embora a pressão sobre moedas como o real continue elevada diante da deterioração do ambiente global e da queda nas commodities — importante fonte de receita externa para o Brasil.
O petróleo Brent, referência internacional e base para os preços praticados pela Petrobras, ensaia uma recuperação nesta terça. A commodity opera em alta após dias de forte queda, alimentando uma leve recuperação nas ações da petroleira brasileira, que haviam sido duramente penalizadas. Desde o anúncio das tarifas recíprocas, no dia 2 de abril, a Petrobras acumula perdas de R$ 60 bilhões em valor de mercado, reflexo direto da queda no preço do barril e da deterioração do sentimento de mercado.
Em contrapartida, o minério de ferro recuou 3,4% na bolsa de Dalian, na China. A queda pressiona os papéis de mineradoras como a Vale. O enfraquecimento da demanda chinesa, somado ao risco de desaceleração global, adiciona uma camada adicional de incerteza ao setor de mineração e aos países exportadores de commodities metálicas.
Ainda que o pregão desta terça-feira ofereça um suspiro aos investidores, o quadro geral permanece volátil e imprevisível. A aversão ao risco, alimentada por incertezas geopolíticas e perspectivas de menor crescimento global, continua a nortear as decisões de alocação de capital. A depender do desfecho das negociações entre China e Estados Unidos, o mercado pode voltar rapidamente ao modo defensivo.
Em outras palavras, o dia é de recuperação técnica — não de confiança restaurada. A tempestade ainda não passou.