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Deflação de setembro no país reflete economia lenta e desemprego alto

Índice que mede a inflação oficial brasileira foi negativo em 0,04% no mês passado e mostra lentidão na retomada econômica, segundo especialistas

Por Larissa Quintino 9 out 2019, 12h27

Queda nos preços de produtos e serviços normalmente é algo a ser comemorado. Porém, em um contexto de desaquecimento econômico, a inflação baixa deve ser vista como sinal de alerta de que as coisas não andam bem. Segundo especialistas, a deflação de 0,04% em setembro, registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), se encaixa nesta segunda opção, tendo como reflexo a lenta retomada no emprego.

O resultado de setembro tem como reflexo um consumo reprimido. As famílias não estão comprando, porque não estão com dinheiro, logo, o mercado diminui os custos, segundo a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto. “Inflação controlada é bom desde que não seja reflexo da falta de dinheiro. Há muito tempo o desemprego está alto, as famílias estão sem poder de compra e isso acaba sendo refletido na queda dos preços.”

Para Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, o principal reflexo da deflação de setembro é a grande oferta de alimentos e bebidas, principalmente de produtos in natura, como tomate (-16,2%) e tubérculos, raízes e legumes (-11,3%), que tiveram grande impacto nos preços.

Entretanto, o especialista chama a atenção para a taxa de serviços, com variações baixas e que demonstram uma lentidão na retomada da economia, colocando o desemprego e a informalidade como um dos motivos da situação. Em agosto, a taxa foi de 0,07% e em setembro de 0,04%. “O serviço é um bom indicador para a demanda e tem ficado em um patamar relativamente baixo. Temos um cenário de recuperação econômica lenta, gradual, mas também lenta no emprego, baseado na informalidade. Isso pesa nessa inflação mais baixa em uma economia que está se recuperando.”

A taxa do desemprego do país está em 11,8% (resultado do trimestre terminado em agosto), abaixo dos 12,3% do trimestre anterior. No entanto, o IBGE registrou um número recorde de pessoas trabalhando na informalidade, tanto por conta própria como sem carteira assinada, o que traz instabilidade e, muitas vezes, rendimentos menores.

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De acordo com André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do IBRE-FGV, o resultado de setembro mostra pouca variação em praticamente todos os setores, o que reflete a perda do poder de compra da população, fator pelo qual a inflação permanece em patamares baixos neste ano. O economista chama a atenção para o acumulado do índice no ano, de 2,89%, abaixo do centro da meta definida para o governo neste ano, de 4,25%. “Quanto mais perto da meta, mais dinâmica é a atividade econômica.”

As ações do governo para melhorar o cenário econômico brasileiro – como a reforma da Previdência, a tributária e as privatizações – mostram resultados a longo prazo, por isso a lentidão da retomada tende a se estender um pouco mais, segundo Braz.

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