Defasagem de preços da gasolina e do diesel cresce em janeiro
Defasagem da gasolina aumentou de 6% para 8% entre o fim de dezembro e a semana passada, segundo a Agência Nacional do Petróleo

A defasagem dos preços da gasolina e do óleo diesel em relação ao mercado internacional cresceu nas primeiras semanas de janeiro, quando comparada aos últimos dias de 2024. No caso da gasolina, a diferença passou de 6% para 8% entre os dias 30 de dezembro e 24 de janeiro – uma alta de 2 pontos percentuais. Para o diesel, a defasagem avançou 4 pontos percentuais, de 11% para 15%.
Os dados são da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Manter a paridade dos preços internos com a média do mercado internacional é importante, segundo a Abicom, para garantir o abastecimento dos brasileiros.
Embora o país possua uma estrutura razoável de produção de combustíveis, com 17 refinarias (14 das quais, operadas pela Petrobras), a oferta interna não atende toda a demanda e, por isso, as importações seguem necessárias.
Segundo os dados mais atuais da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o Brasil produziu no terceiro trimestre do ano passado, 7,7 bilhões de metros cúbicos de gasolina c0mum e etanol anidro que é misturado a ela na proporção de 27%. No mesmo período, foram comercializados 11,2 bilhões de metros cúbicos desses combustíveis.
Os importadores argumentam que, quanto mais a Petrobras segura o preço da gasolina e do diesel, mais difícil é suprir essa diferença com produtos do exterior. Isto, porque enquanto os associados da Abicom precisam pagar o que o mercado internacional cobra, a estatal oferece aos postos e aos consumidores um produto mais barato, tirando a competividade da importação.
Entre as possíveis consequências, está o risco de desabastecimento, já que as distribuidoras preferem comprar da Petrobras para obter maiores margens de lucro. Outro risco é o da inflação – sem as importações, parte da demanda pode ficar desatendida e incentivar os postos de gasolina a elevar os preços, seguindo a velha lei da oferta e da procura.
O aumento da defasagem de preços eleva a pressão sobre a companhia, no momento em que sua executiva-chefe, Magda Chambriard, tem uma reunião marcada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta segunda-feira 27. A pauta não foi divulgada, mas Chambriard negou publicamente, há alguns dias, que a Petrobras pratique um congelamento velado de preços ou que planeje reajustá-los em breve.
O represamento artificial dos preços causa arrepios em economistas, analistas de mercado e consumidores, por lembrar o praticado durante os anos em que Dilma Rousseff ocupou o Palácio do Planalto. Como se sabe, para frear a inflação, Dilma segurou os combustíveis na marra. Em alguns momentos, a defasagem em relação ao exterior chegou a 40%. A política levou a Petrobras a acumular dívidas, prejuízos e desvalorização das ações.
Quando não havia mais condições de conter os aumentos, a Petrobras promoveu fortes ajustes contribuíram com a disparada da inflação. Estima-se que tal política tenha custado 100 bilhões de dólares à estatal, considerando-se o quanto a empresa deixou de faturar e os custos financeiros decorrentes.