Decolar enfrenta auditoria em esquema irregular de venda de passagens
A empresa teria utilizado irregularmente a chamada "tarifa operador", um desconto oferecido por companhias aéreas

A empresa argentina Despegar — conhecida no Brasil sob a marca Decolar — foi recentemente envolvida em um esquema polêmico de comercialização de passagens aéreas, revelado pelo jornal Valor Econômico. A empresa teria utilizado irregularmente a chamada “tarifa operador”, um desconto oferecido por companhias aéreas para incentivar a venda de pacotes, mas que, segundo as regras do setor, não deve ser diretamente repassada ao consumidor final na compra de bilhetes avulsos.
A tarifa operador, que pode chegar a 20% de desconto, é projetada para permitir às companhias aéreas preencher assentos ociosos em voos pouco populares, enquanto beneficia as operadoras ao facilitar a venda de pacotes mais acessíveis. No entanto, o uso dessa tarifa só pode ser aplicada se vendida junto a outros serviços, como hospedagem ou traslados, e não individualmente. A Decolar, contudo, teria aplicado essa tarifa em vendas diretas de passagens aéreas, mantendo os descontos para si e vendendo os bilhetes pelo preço cheio aos consumidores.
A Decolar, em nota, informou que, por meio de uma auditoria interna, identificou o problema e iniciou uma investigação externa, resultando no desligamento de funcionários envolvidos. A prática foi identificada em 51 bilhetes de um total de 9,7 milhões de reservas anuais. A empresa comunicou que parceiros estratégicos, como a Prosus, controladora do Ifood — que adquiriu a controladora da Decolar por US$ 1,7 bilhão em dezembro — foram informados prontamente sobre o incidente.