ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Da ascensão à queda: os motivos por trás da falência da Evergrande

A empresa, que já foi a segunda maior do mercado imobiliário chinês, acumula uma dívida de US$ 300 bilhões

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 16h02 - Publicado em 29 jan 2024, 16h16

O tribunal de Hong Kong decretou falência da Evergrande, gigante do mercado imobiliário da China que acumula uma dívida de US$ 300 bilhões de dólares. Segundo a justiça, a sentença foi dada após a empresa não apresentar um plano concreto de restruturação de sua dívida dois anos após o “calote”.

A empresa, que já foi a segunda maior do mercado imobiliário chinês e foi considerada a maior em valor de mercado em 2018, possui atualmente 778 canteiros de obras em 223 cidades. Fundada em 1996 por Xu Jiaiyn, que já foi o homem mais rico da China e é dono de uma fortuna estimada em 9 bilhões de dólares, a empresa vem cambaleando desde 2020, quando suas ações tiveram queda acima de 90%, para 4,5 bilhões de dólares. Em 2021, a empresa decretou calote. Desde então, grandes nomes das finanças do Ocidente, como Allianz, Ashmore, BlackRock, UBS e HSBC, aportaram dinheiro para tentar salvar a gigante, mas sem sucesso.

A falência da Evergrande é reflexo de uma crise imobiliária na China de um setor que já foi responsável por um quarto do PIB em uma época em que o país investia pesado na infraestrutura para urbanizar as cidades e tinha um forte crescimento econômico apoiado pelas exportações de “bugigangas”, imprimindo sua marca mundialmente como “made in China”. O país, no entanto, mudou seu foco e busca crescer estimulando o consumo interno aliado à alta tecnologia. Mas ainda deve demorar para colher os frutos dessa mudança de estratégia, o que tem travado o seu crescimento econômico, impactando as imobiliárias que se tornaram figuras faraônicas no processo de ascensão da China e que estão ruindo com a desaceleração e mudança de política econômica.

O mercado brasileiro possui uma correlação importante com o mercado chinês. Como principal parceiro comercial do Brasil, qualquer desaquecimento na economia chinesa pode impactar a nossa bolsa e os nossos investimentos. Mas, dessa vez, os ruídos do impacto foram amenizados. “Já estamos acompanhando desde o ano passado os problemas da Evergrande, então muito desse problema de construção civil chinês já está precificado no Brasil”, diz Thiago Guedes, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Bridgewise no Brasil. Mas, o especialista alerta que se o problema no setor continuar a escalar, várias ações brasileiras exportadoras de minério de ferro serão impactadas.

Por enquanto, a notícia não trouxe muita turbulência para o Brasil, mas se a crise começar a contaminar todo o mercado imobiliário chinês, provavelmente toda a economia sentirá esse desajuste levando também a um crescimento menor e, consequentemente, uma demanda menor em outros setores-chave para o Brasil, como setor agrário que se tornou peça principal para a balança comercial e o crescimento do PIB brasileiro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.