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Críticos da vacina provocaram milhares de mortes, diz cientista da Oxford

Professor Sir John Bell disse que recomendações de autoridades britânicas e suspensões pelo mundo prejudicaram a aplicação do imunizante

Por Larissa Quintino Atualizado em 7 fev 2022, 14h12 - Publicado em 7 fev 2022, 10h42

O discurso negacionista e a dúvida em relação as vacinas da Covid-19 — que infelizmente ainda é reverberado — colaborou com o avanço da pandemia. Essa é a conclusão de um cientista da Oxford, que trabalhou na vacina AstraZeneca. Em entrevista à BBC o professor Sir John Bell disse acreditar que colegas cientistas e políticos provavelmente mataram centenas de milhares de pessoas” ao prejudicar a reputação da vacina desenvolvida pela universidade.

“Eles prejudicaram a reputação da vacina de uma maneira que ecoa pelo resto do mundo”, afirmou. “Acho que o mau comportamento de cientistas e políticos provavelmente matou centenas de milhares de pessoas – e das quais eles não podem se orgulhar.” 

A vacina desenvolvida pela Oxford/AstraZeneca foi uma das que teve o avanço dos estudos e testagem mais rápidos, porém enfrentou resistência do próprio governo britânico. No Reino Unido, conselheiros do governo recomendassem que pessoas com menos de 40 anos deveriam receber alternativas devido a uma ligação a coágulos sanguíneos muito raros.

Os temores sobre ligações a coágulos sanguíneos também levaram países como Alemanha, França, Espanha, Itália, Holanda, Irlanda, Dinamarca, Noruega, Bulgária, Islândia e Tailândia a interromper o uso das doses.

No Brasil, a vacina da AstraZeneca é produzida em acordo com a Fiocruz e foi a primeira a ser confirmada no Plano Nacional de Imunização. Contra a vacinação, o presidente Jair Bolsonaro não chegou a criticar o imunizante da Oxford/AstraZeneca diretamente, mas utilizou a suspensão pelos países em março do ano passado como parte de seu discurso contra as vacinas. As críticas de Bolsonaro foram mais direcionadas à Coronavac e à Pfizer. A primeira, trazida ao país pelo governador de São Paulo e seu adversário político, João Doria (PSDB), motivou diversas declarações que tensionaram as relações entre o país e a China e atrasaram a chegada de ingredientes para a fabricação de vacinas, inclusive da própria AstraZenenca. Já, sobre a Pfizer, o presidente questionou a tecnologia utilizada pelo imunizante da farmacêutica americana: “se tomar vacina e virar jacaré, eu não tenho nada a ver com isso”, disse na célebre (e infeliz) frase. 

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