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Crise do cacau: como o aumento de preço vai afetar Páscoa e empresas de chocolate

Aumento no valor da commodity foi de 190% em dois anos; entenda como marcas enfrentam o problema

Por Leticia Yamakami Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 abr 2025, 19h25

A Páscoa, além de ser um período de celebração cristã, é frequentemente associada a um tradicional alimento: o chocolate. Neste ano, os consumidores brasileiros estão se deparando com preços altos dos ovos de páscoa e similares. Os valores exorbitantes se dão pela crise do cacau, que, por ser uma commodity, tem seu preço definido internacionalmente.

A alta foi de 190% em dois anos. Em março de 2023, uma tonelada do fruto era negociada a 2.894 dólares na bolsa de valores de Nova York — já em março de 2025, a tonelada passou a 8.390 dólares. O principal gatilho do encarecimento foi o clima desfavorável em regiões produtoras de cacau – países da África Ocidental –, que passou por secas e chuvas. Por isso, a oferta da matéria-prima passou a se tornar mais escassa.

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado índice oficial da inflação no Brasil, o preço de chocolates em barra e bombons disparou 16,5% nos últimos 12 meses. Junto do inevitável aumento, companhias de doces e sobremesas também precisaram buscar alternativas para enfrentar o problema e continuar suas produções na época de Páscoa.

Estratégias adotadas por marcas de chocolate

Em conversa com VEJA, a rede de sobremesas Momento Bendito explicou quais medidas foram aplicadas para driblar, em partes, a alta do cacau. Utilizar castanhas e o chocolate branco – que é um derivado da manteiga de cacau – e mesclá-los com uma menor quantidade de chocolate tradicional para fazer ovos de Páscoa foi a principal alternativa. Com isso, o custo de produção da empresa reduz em aproximadamente 20%, segundo Bruno Gorodicht, diretor de novos negócios do Grupo Impettus, de que o Momento Bendito faz parte.

Além disso, a marca teve que absorver parte do encarecimento e, consequentemente, reduzir sua margem de lucro. “Não podemos repassar todo o aumento de custo para o cliente final ou para o franqueado, porque o produto ficaria inviável”, afirma o especialista. Então, a mesclagem de chocolates e ingredientes nos doces do cardápio equilibra o cenário de alta do cacau. “Assim, o impacto ainda existe, mas é menor”, comenta Gorodicht.

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A Cacau Show, uma das marcas de chocolate mais populares do país, também realizou ajustes. Redução de preço na caixa de embarque dos produtos e uma revisão no preço de varejo foram estratégias essenciais. “Nós fizemos um trabalho de conscientização da nossa rede de franqueados, porque, se tem um aumento de custo de um lado, é preciso reduzir em outras despesas e conduzir melhor a questão de eficiência”, diz Daniel Roque, vice-presidente da Cacau Show, a VEJA.

Mesmo com um repasse parcial do aumento de custo para os consumidores, a previsão de vendas da empresa é de 22 milhões de unidades de ovos de Páscoa e um crescimento de 30% no valor.

O preço do cacau ainda pode diminuir?

Segundo especialistas de mercado, as expectativas sobre o produto em 2025 são de um aumento na produção mundial e uma queda na demanda, o que pode levar a uma queda no valor da commodity. Mesmo assim, esses cenários dependem das características das próximas safras, que levam de 5 a 6 anos para chegarem ao nível de qualidade ideal.

Numa eventual diminuição gradual do preço da commodity, a Cacau Show reforça que todas as melhorias e reajustes feitos na fabricação de seu catálogo irão se manter. No entanto, “há a oportunidade de ser ainda mais democrático”. Segundo Roque, uma queda no valor do cacau permitiria um trabalho mais forte com promoções e ajustes de preço em itens específicos.

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