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Correios vão fechar agências e abrir novos formatos de atendimento

Presidente da estatal diz que empresa não precisaria ser privatizada, pois deixou de dar prejuízo e presta serviço de excelência à população

Por Fabiana Futema Atualizado em 26 out 2018, 17h46 - Publicado em 26 out 2018, 13h13
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  • Os Correios têm hoje 12.000 agências em todo o país. A meta da estatal é contar com 15.000 pontos de atendimento até 2021. Para chegar lá com as contas equilibradas, o plano da empresa prevê o fechamento de 4.000 agências convencionais e a abertura de 7.000 novos formatos de atendimento.

    O presidente dos Correios, Carlos Fortner, diz que o plano de remodelagem está em linha com a mudança no tipo de serviços prestado à população. “Hoje, 55% da receita dos Correios vem das encomendas e 45% do envio de cartas. O serviço de cartas vem caindo 10% ao ano, tornando algumas agências obsoletas e ineficientes.”

    Para que uma agência seja considerada eficiente, ela precisa realizar cerca de 270 atendimentos por dia. Fortner diz que algumas não realizam nem dez operações diárias e por isso precisam ser fechadas.

    Pela lei, que garante aos Correios o monopólio do serviço postal, é preciso ter ao menos uma agência em cada um dos 5.570 municípios do país. Nas maiores cidades, precisará haver mais de uma para dar conta do serviço. “Mas nos pequenos municípios, em que há uma agência na cidade e outra no distrito, a do distrito acabará sendo fechada”, conta Fortner.

    Segundo ele, a população não ficará desassistida, pois os serviços passarão a ser prestados por novos canais de atendimento, como agências modulares, localizadas dentro de pequenos comércios, agências móveis, além da instalação de lockers (armários) para envio e recebimento de encomendas.

    O presidente dos Correios, Carlos Roberto Fortner
    O presidente dos Correios, Carlos Roberto Fortner, dá entrevista coletiva para esclarecer dúvidas sobre a cobrança do despacho postal para encomendas não tributadas. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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    A licitação para operação das agências modulares deve ser lançada até o fim do ano. O investimento inicial é de 23.000 reais e o retorno deve se dar em cinco anos, afirma Fortner. Podem participar da licitação supermercados, papelarias, farmácias, qualquer comércio com espaço para fazer atendimento de serviço postal.

    “Essas empresas passam a funcionar como representantes dos Correios, com as mesmas obrigações. Se não prestar serviço de qualidade, pode ser fechada”, afirma o presidente da estatal.

    Dos 7.000 novos pontos de atendimento, 1.600 devem ser agências modulares e 400 são móveis. Outras 5.000 serão agências remodeladas.

    A mudança no formato de atendimento deve trazer impacto para o quadro de pessoal dos Correios, que conta com cerca de 106.000 funcionários. “Em um primeiro momento, não será preciso demitir. Os funcionários podem ser transferidos de agência, virar carteiros ou ter a opção de mudar de cidade. Lá na frente, no limite, se tiver ociosidade, é possível que seja necessário abrir um novo plano de demissão incentivada”, diz Fortner.

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    Ele nega que a redução de agências prejudique o comércio eletrônico no país. “Nossa grande ameaça é a queda de correspondência e por isso precisamos encontrar novas fontes de receita. A redução do serviço postal é reflexo da tecnologia, do WhatsApp. Da mesma forma que a tecnologia reduz o envio de cartas, ela fomenta o comércio eletrônico e o envio de encomendas.”

    Empresa melhor

    Nomeado presidente dos Correios em maio, Fortner diz que entregará ao novo governo uma empresa melhor do que recebeu. Entre os feitos da sua gestão estão o retorno ao lucro operacional, o fechamento de uma negociação coletiva com os funcionários sem greve e a melhoria de indicadores de qualidade.

    “Estou deixando uma empresa melhor e os funcionários têm orgulho disso. Tanto que fechamos pela primeira vez, em 24 anos, um acordo coletivo sem greve. E olha que foi difícil, pois eles tiveram perdas, estão pagando mais caro pelo plano de saúde. Mas foi preciso fazer isso para garantir a sustentabilidade da empresa.”

    O presidente dos Correios diz que os indicadores de qualidade da companhia estão melhores que os dos concorrentes internacionais. “De cada 100 encomendas postadas, 98 são entregues dentro do prazo. O ideal seria 100%, mas está muito melhor do que há seis meses.”

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    Fortner afirma que a empresa se preparou melhor para a Black Friday de 2018, pois não quer receber a mesma chuva de reclamações de 2018“Teremos caminhões adicionais, funcionários extras. Estamos preparados para o aumento de entregas.”

    Hoje, os Correios realizam cerca de 1,100 milhão de entregas por dia. Durante a Black Friday, esse volume sobe para 1,4 milhão de encomendas diárias.

    Fortner defende a cobrança do serviço de despacho postal de 15 reais, cobrado de toda encomenda vinda do exterior. “Por que deveríamos fazer de graça esse serviço? O consumidor pode receber a encomenda pela FedeX e pagar 70 reais ou escolher os Correios, pagando 15 reais. É um preço justo pelo serviço prestado.”

    Sobre a necessidade de privatizar os Correios, Fortner diz que nenhum dos candidatos que disputam o segundo turno parece conhecer bem a situação da empresa hoje. Enquanto a equipe de Fernando Haddad (PT) condena o plano de privatização dos Correios, a de Jair Bolsonaro (PSL) apoia a venda da estatal. 

    “É uma empresa que não dá prejuízo, que começa a dar lucro operacional. que oferece um serviço de qualidade e excelência, como a entrega das provas do Enem, não tem por que ser privatizada. Se ela fosse mal gerida ou oferecesse serviço de péssima qualidade, seria outra situação. Ela não depende do Estado, não onera o bolso do cidadão em um centavo.”

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