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Por que a inflação deve continuar pressionada, de acordo com economistas

Em 12 meses, a inflação acumula alta de 4,77% se distanciando do limite superior da meta, que é de 4,5% para este ano

Por Camila Pati Atualizado em 26 nov 2024, 13h47 - Publicado em 26 nov 2024, 13h44

Os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) vieram acima das expectativas do mercado, registrando uma aceleração de 0,62% em novembro, ante 0,54% em outubro.  Em 12 meses, o índice acumula alta de 4,77% se distanciando do limite superior da meta, que é de 4,5% para este ano.

O principal fator de pressão foi a alimentação em domicílio, que acelerou 1,65%, marcando a segunda alta consecutiva, com destaque para o óleo de soja e as carnes que subiram 8,38% e 7,54%, respectivamente. “Esses itens têm sido impactados por fatores sazonais potencializados pela seca que afeta o plantio de diversas safras e prejudica a alimentação do gado”, diz a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. No grupo de transportes, a alta de 22,56% das passagens também foi uma surpresa, com impacto foi 0,14% no resultado do índice.

O alívio na inflação vem da mudança na bandeira tarifária, que passou de vermelha a amarela em novembro que influenciou o resultado do grupo de habitação de 0,03% . “A inflação da tarifa de energia elétrica desacelerou de 5,06% em outubro para 0,13% em novembro.

Na opinião da economista do C6, chama a atenção na divulgação de hoje a piora  da inflação de serviços sujacentes, pressionada pelo mercado de trabalho aquecido. “Em 12 meses, a alta acumulada na inflação de serviços subjacentes evoluiu de 5,10% em outubro para 5,30% em novembro, mostrando que esse item continua sendo um fator de preocupação”, diz.

Tendência  de alta contribui para projeção de mais elevação da Selic

A continuidade da pressão inflacionária é a tendência para os próximos meses, na análise de economistas consultados por VEJA. Isso pode contribuir para a manutenção do ciclo de alta dos juros, por parte da autoridade monetária, já que a desancoragem das expectativas de inflação foi um dos fatores preponderantes na decisão de alta da Selic nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

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Marcos Moreira, sócio da WMS Capital diz que os principais indicadores que ajudam a entender a trajetória da inflação – como a média dos núcleos, os preços de serviços e os industrializados – seguem acima da meta do Banco Central, cujo centro é 3%, mesmo quando analisados em bases anuais e ajustados para variações sazonais. “Dada a alta significativa nos preços do boi gordo, nossa estimativa para alimentação segue mais alta, inclusive refletindo a surpresa altista do último mês”, diz..

 Além disso, ele afirma que os preços de serviços continuam elevados, impulsionados pela forte demanda interna, mesmo com os juros altos. Esse impacto, no entanto, deve ser mais perceptível apenas no próximo ano. Os bens industrializados também sofrem com a recente desvalorização do real, o que encarece os produtos importados. O economista projeta que o IPCA feche 2024, em 4,9%.

Na análise do C6, tanto a inflação de serviços quanto os preços das carnes também  continuarão puxando o IPCA para cima nos próximos meses”, diz. A projeção do banco é de que o IPCA feche o ano em 4,7% e inflação de 5% em 2025.

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Victor Furtado, head de alocação da W1 Capital, afirma que a combinação entre dólar valorizado, a política protecionista do governo Trump e os problemas fiscais do Brasil – que minam a confiança do investidor – também é um fator relevante de pressão na inflação dos próximos meses já que “tem um reflexo grande de desvalorização do Real  e retroalimenta a inflação”.

 No campo externo, ele destaca a pressão dos conflitos geopolíticos que impactam no preço do petróleo. Internamente, ele também destaca a sazonalidade, devido ao aumento do consumo, viagens e festas de fim de ano.

Claudia Moreno, do C6 Bank diz que o resultado não muda a visão do banco de que o Comitê de Política Monetária (Copom) seguirá com ciclo de alta. A projeção é de aumento de 0,5 % em dezembro e de 0,25% nos encontros de janeiro e março. ” Não descartamos, porém, o risco de o ajuste ser ainda mais elevado em função da piora das expectativas de inflação”, diz a economista.

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