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Comprar ou vender? O que o investidor deve fazer com mercados voláteis após ‘tarifaço’

Títulos de renda fixa, dólar e ações no Brasil e no exterior têm seus preços fortemente abalados pelas tarifas de Trump

Por Juliana Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 abr 2025, 14h20

Desde o primeiro anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que mais de uma centena de países no mundo teriam de enfrentar a imposição de tarifas recíprocas, o que os mercados ao redor do globo mais enfrentaram foi volatilidade – e tudo indica que isso não deve acabar tão cedo. Diante desse cenário, os investidores precisam adotar algumas estratégias para não saírem no prejuízo com suas aplicações, desde as mais conservadoras até as mais arrojadas.

Desde o início do ano, o Ibovespa ainda mostra resiliência em relação à situação global, acumulando alta de 3% do começo do ano até aqui. Mas, na última semana, marcada pelo início da aplicação das tarifas de Trump, o Ibovespa sentiu os impactos do mau humor dos investidores e já acumula uma baixa de quase 6%. Não é um desempenho tão severo como se vê nas bolsas americanas, que acumulam quedas perto dos 20%, mas reforça a tendência negativa dos últimos dias e exige atenção de quem tem aplicações financeiras.

Visão fundamentalista e câmbio

O cenário para o investidor é nebuloso, mas abre oportunidades. Já bastante “descontadas” (baratas), diversas ações se tornam atrativas, ainda que o momento seja de medo. Isso porque o movimento que o investidor deve fazer é justamente de compra, e não de venda – afinal, defazer-se de ações agora é deixar dinheiro na mesa e colher prejuízos. O método consiste em aproveitar os preços mais baixos para se posicionar nas boas ações, à espera de um movimento que sempre acontece nos mercados: a recuperação dos preços após um período de crise.

Essa linha de raciocínio, chamada de investimento fundamentalista, é defendida há décadas por grandes gestores que estão em busca de ações das boas companhias para nelas investir por anos. É o caso de Warren Buffett, megainvestidor americano conhecido pelos seus retornos gordos por adotar essa estratégia.

Para quem deseja se expor ao dólar, sempre visto como ativo de proteção, o movimento é mais complexo. Isso porque, embora o dólar seja tipicamente uma moeda forte, ela não é necessariamente melhor opção em um momento como o atual, já que a imposição de tarifas comerciais pode gerar forte solavanco na economia americana até o ponto da recessão. Em um cenário como esse, os grandes investidores estrangeiros não devem procurar o real como alternativa, mas outras moedas fortes consideradas reservas de valor.

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Assim, o investidor precisa partir para um investimento estrutural em dólar visando o longo prazo na carteira, de olho na diversificação, via fundos de dólar ou fundos multimercados, com gestores que operam essa e outras moedas. É essencial que essa exposição ao dólar, especialmente se feita diretamente, ocorra em proporções que respeitem o perfil do investidor – uma carteira conservadora dificilmente terá ativos de natureza tão volátil, por exemplo.

O barato que sai mais barato

O Ibovespa está com sua relação entre preço e lucro – uma razão que compara o preço de um ativo com o lucro dele na bolsa – em níveis historicamente baratos, o que significa que os preços das ações que fazem parte do Ibovespa estão sendo negociados abaixo dos lucros gerados. Nos cálculos do Itaú BBA, essa relação está em 7,1 vezes, contra uma média histórica de 10,6 vezes.

No caso dos setores “baratos” estão as ações ligadas à economia doméstica, papéis chamados de cíclicos, já que acompanham a situação da economia logal. Apesar do juro ainda elevado por aqui, há alternativas com bons retornos e com um nível não tão alto de volatilidade, enquanto empresas do setor financeiro e ligadas a commodities são menos interessantes – ambas bastante sensíveis às tarifas. As small caps, companhias menores na bolsa, também entram no rol de empresas de bom retorno, também de acordo com o Itaú. Os setores de educação, consumo e varejo, transportes e shoppints apresentaram o desempenho mais relevante no passado recente.

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Pós-fixados e baixíssimo risco

De um lado, as oportunidades aparecem em ativos de renda variável, mas, por outro, os riscos também precisam ser dosados, sobretudo para os investidores conservadores. 

“Quem tem perfil mais arrojado pode aproveitar oportunidades na bolsa”, Bruno Cotrim, economista da casa de análise Top Gain. “Agora, quem tem perfil conservador deve ficar mais focado em investimentos pós-fixados ou em algum fundo pós-fixado também.” Segundo ele, para os  investidores que querem o menor risco possível nesse ambiente, a resposta é investir em ativos atrelados ao CDI – como o Tesouro Selic, título do governo que representa o menor risco do mercado.

Em linhas gerais, cautela prevalece por todos os lados, independentemente do caminho escolhido para investir ou do perfil. Isso porque as ações baratas na bolsa podem acabar ficando mais baratas antes de se recuperar – o que exige do investidor capacidade de lidar com eventuais perdas adicionais no caminho. 

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Além disso, não são todas as companhias que vão surfar uma futura recuperação dos mercados. Aquelas em má situação financeira, endividadas, sem boa gestão, com forte concorrência no setor e pouco ou zero lucrativas são a grande armadilha.

A recomendação dos especialistas é ter cuidado na escolha dos ativos e realizar aportes em remessas, e não de uma única vez, evitando sofrer os impactos do “risk off” (fuga do risco) que ainda está em curso e que deve se diluir, mas certamente não no curto prazo.

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