Como os EUA estão cada vez mais perto da recessão
As projeções indicam uma inflação de 8,7% ou 8,8% para o mês de junho, um novo recorde
O nível de inflação ainda não deu trégua nos Estados Unidos. No intervalo do mês de junho, o índice de preços ao consumidor, divulgado amanhã, 13, deve seguir em alta e corroer ainda mais o poder de compra da população americana. Na prática, uma nova aceleração inflacionária levará o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) a manter a trajetória de taxas de juros agressivas para controlar a escalada de preços. Esse movimento, então, elevaria os riscos de uma intensa recessão, incluindo de uma redução da empregabilidade.
Para os consumidores, uma taxa de juros elevada significa aumento no custo do crédito e a consequente redução da demanda por bens e serviços. Para as empresas, o resultado é aumento no custo de empréstimos e, portanto, uma redução do investimento e do crescimento empresarial. A mais recente elevação dos juros foi em junho, com uma subida de 0,75 ponto porcentual, movimento inédito desde 1994. A taxa no país está no intervalo de 1,5% a 1,75%. Por contrair a economia, para aliviar a inflação, a taxa de juros acaba impulsionando ainda mais as chances de forte recessão.
Para Davi Lelis, economista e sócio da Valor Investimentos, com todo o cenário de instabilidade nos EUA e no globo, a recessão é certa. Resta saber “quando ela vai acontecer e com que intensidade”, avalia. O Goldman Sachs, até a segunda quinzena de junho, estimava uma probabilidade de recessão em 30% nos Estados Unidos no ano de 2023. Já o Morgan Stanley aposta em 35% para os próximos 12 meses.
Até maio, a inflação estava em 8,6% no consolidado anual, a maior em quatro décadas. Uma pesquisa da Bloomberg estima um acúmulo de 8,8% no índice de preços ao consumidor, até o mês de junho. Já um levantamento da Reuters projeta inflação anual de 8,7%, até o último mês.
Biden
Com eleições de meio mandato em novembro e taxa de rejeição de 55,9%, segundo o compilado da empresa de pesquisas FiveThirtyEight, Biden está buscando diversas medidas de curto prazo para reduzir a escala de preços. Ao congresso dos EUA, no mês passado, o presidente demandou a suspensão por três meses do imposto nacional sobre a gasolina no país, em resposta aos preços elevados no setor de energia em território americano. Mais recentemente, o presidente estuda a possibilidade de reduzir as tarifas de 25%, levantadas na era Trump, sobre as importações chinesas. O cenário da inflação é o maior fator pesando na popularidade de Biden, que começou o governo com uma aprovação de aproximados 53%.
A partir do simulador de preços da Secretaria de Estatísticas Trabalhistas é possível traçar um comparativo com outros presidentes. No segundo ano do governo Trump, 10 dólares no mês de maio tinha o mesmo poder de compra de 11,62 dólares em maio de 2022. Já na comparação com o segundo ano de Obama, 10 dólares no mês de maio de 2010 tinha o mesmo poder de compra de 13,40 dólares no mesmo período deste ano.