Como baixar e ler os dados que o Facebook guarda sobre você
A rede social consegue essas informações quando o usuário permite o acesso do bate-papo Messenger aos contatos ou ao baixar o app do Facebook
O Facebook armazena dados pessoais disponíveis nos celulares dos próprios usuários, como ligações e mensagens de SMS. A coleta de dados não é recente, mas acabou repercutindo após o desenvolvedor de software Dylan McKay divulgar a informação nas redes sociais. A proximidade do episódio com a obtenção de 50 milhões de dados pela consultoria Cambridge Analytica também colaborou para a repercussão.
A rede social consegue essas informações quando o usuário permite o acesso do bate-papo Messenger aos contatos ou ao baixar o aplicativo do Facebook. O programa apresenta condições como “ler seus contatos”, “ler compromissos e informações confidenciais” da agenda, “ler suas mensagens de texto (SMS ou MMS)” e “ter acesso total à rede”.
Segundo o site de tecnologia Ars Technica, a coleta de dados do Facebook ocorreu durante o período em que o controle sobre as permissões no Android eram menos restritas. Recentemente, o Google mudou esse processo para que fique mais claro aos usuários a quais dados os aplicativos terão acesso, mas os desenvolvedores ainda podem receber registros de ligações e SMS até que a empresa descontinue a antiga tecnologia de interface de programação de aplicativos (API).
Conforme relato de usuários, que tiveram acesso ao próprios dados, a coleta do Facebook acontece há anos. Até o momento, o sistema operacional iOS não foi afetado.
A seguir, confira o passo-a-passo para fazer download dos dados:
1 – Para conseguir acesso aos seus próprios dados, é necessário entrar na sua conta do Facebook por um desktop (computador ou notebook).
2 – Vá em Configurações e você será redirecionado para a página “Configurações gerais da conta”. O Facebook disponibilizará uma lista de itens para edição – abaixo delas, o usuário encontra a opção de baixar uma cópia dos dados.
3 – Após optar por fazer download, a rede social mostra a opção “Baixar arquivo” e o usuário digita a senha de sua conta.
4 – Uma mensagem de confirmação será encaminhada para o seu e-mail. Nela, o Facebook avisa que o usuário receberá outro e-mail assim que os dados forem compilados.
5 – O segundo e-mail chega em poucos minutos com um link para baixar seus dados.
Dados armazenados
O arquivo disponibilizado pelo Facebook possibilita que o usuário tenha acesso aos dados de forma offline. Lá, é possível encontrar informações como em que anúncios que você clicou ou quais anunciantes têm seus contatos – a rede social já foi acusada de acessar o gravador de smartphones para captar conversas e direcionar propagandas relevantes.
Todos os contatos salvos no smartphone também estão nos arquivos do Facebook, inclusive um histórico de ligações com informações de horário, nome do contato e se a chamada foi atendida ou não.
De acordo com a rede social, importar contatos do dispositivo do usuário é bastante comum entre os aplicativos de mídia social e serviços. “É uma maneira de encontrar facilmente as pessoas com quem você quer se conectar”, disse a empresa em comunicado no seu site.
A rede social argumenta que o usuário tem controle total das informações compartilhadas. “Nós nunca venderemos esses dados, e esse recurso não coleta o conteúdo de suas mensagens ou ligações”, diz o texto.
Outros dados armazenados pelo Facebook incluem os amigos removidos e a data em que cada um deles foi adicionado a sua rede social.
Escândalo
O Facebook envolveu-se em um escândalo sobre os dados de seus usuários após o jornal The New York Times revelar que a Cambridge Analytica, consultoria que participou da campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, obteve dados de 50 milhões de usuários. A consultoria teria usado informações da rede social para ajudar Trump a vencer a eleição em 2016. A companhia afirma não ter feito nada de ilegal.
Dois dias depois, o fundador da rede social, Mark Zuckerberg, admitiu que a rede social errou e se desculpou. “Temos a responsabilidade de proteger seus dados, se não pudermos, não merecemos servi-los”, escreveu Mark Zuckerberg na primeira reação pública desde que o escândalo veio à tona.
No último domingo, a rede social publicou anúncios em jornais britânicos e norte-americanos para pedir desculpas aos usuários.