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Com 1,6 bi de reais em caixa, Neon quer roubar clientes dos grandes bancos

Grupo de investidores fez uma nova rodada de aportes na empresa de pagamentos, que, junto com Nubank e Stone, promete enfrentar os grandes bancos

Por Josette Goulart Atualizado em 3 set 2020, 11h25 - Publicado em 2 set 2020, 19h04

Nos últimos quatro anos, o Brasil registrou 80 milhões de novos clientes online de bancos. Os esforços regulatórios do Banco Central com PIX, open banking, vão providenciar o vento de cauda necessário para a digitalização do sistema. Os bancos brasileiros atendem mal os clientes e cobram caro. Essas três afirmações foram escritas por um gestor do Vulcan Capital, um multibilionário fundo de investimentos que pertence ao cofundador da Microsoft Paul Allen, para explicar os motivos de ter investido na fintech brasileira Neon. Nesta quarta-feira, 2, a empresa informou ter recebido 1,6 bilhão de reais de nove investidores, numa rodada de aportes liderada pelo fundo General Atlantic. Rafael Costa, um brasileiro que trabalha no Vale do Silício e que é sócio do Vulcan, ainda acrescentou em sua conta do LinkedIn outros dois motivos para ter investido no Neon: a fintech triplicou seu número de clientes em 12 meses, chegando a 9,5 milhões de contas, e está competindo num mercado de 120 bilhões de dólares. O Vulcan não é nenhum neófito quando o assunto é apostar em empresas que causam disrupções em seus mercados. Em seu portfólio estão nomes como Alibaba, Spotify, Amazon e Netflix, uma promessa que a concorrência para as grandes instituições que concentram os serviços bancários vai ser feroz.

O presidente do Neon, Jean Sigrist, também não deixa dúvidas de quem quer atacar. A Veja perguntou: Quem são seus concorrentes? A resposta veio sem nem pestanejar: os grandes bancos. “Nós queremos ser o banco da classe C. Queremos aquele cliente cansado de fila, de pagar caro, de ser mal atendido”, disse. A classe C brasileira abarca mais de 100 milhões de pessoas e é, dentro deste clube que estão a maioria das MEIs, as pessoas jurídicas individuais que também são público-alvo do Neon. Com o dinheiro que vão receber dos novos sócios, o objetivo é investir em mais funcionários, em produtos de crédito, em aquisições e também para compor capital regulatório. Hoje, o Neon é uma empresa de pagamentos, regulada pelo Banco Central. Por enquanto, querem continuar assim, sem pedir registro de banco. Detendo apenas o registro de empresas de pagamentos, a fintech já pode oferecer serviços financeiros dos mais diversos e, inclusive, conceder crédito. E, como não são bancos, são capazes de limitar suas operações ao tamanho do capital, sem alavancar.

Essa nova rodada de investimentos do Neon coloca a empresa no mesmo caminho de outras duas fintechs que vêm assombrando os bancões com suas contas digitais e cartões de crédito: a Stone e o Nubank. As três atuam em públicos diferentes, mas possuem um mantra muito parecido, o de tornar a experiência do cliente a melhor possível, com custo baixo e eliminando dificuldades burocráticas. Não à toa, o Nubank virou uma febre e queridinho do público mais digitalizado. Experimente falar mal dele nas redes sociais. Hoje, o Nubank já é o sexto maior banco brasileiro em número de clientes. São 25 milhões, com apenas sete anos de estrada. Já captou 1,4 bilhão de dólares com investidores, o que na cotação atual do dólar equivaleria a 7,5 bilhões de reais. O aporte mais recente foi feito em junho deste ano, no valor de 1,6 bilhão de reais.

Nesta semana o Banco Central aprovou um aumento de capital no Nubank de meio bilhão de reais, o que na prática significa mais potencial para crescer no mercado de crédito. A empresa, inclusive, negocia a compra da corretora Easyinvest. No ano passado, quando recebeu o maior aporte chegou a ser avaliado por 10 bilhões de dólares. O Neon, com o aporte recebido, deve já estar valendo entre 5 bilhões de reais a 10 bilhões de reais, segundo alguns analistas. Já a Stone, que possui capital aberto na Nasdaq, tem valor de mercado de 15 bilhões de dólares. São mais de 80 bilhões de dólares.

A Stone também trabalha com as maquininhas e está tentando comprar a Linx, uma empresa de tecnologia que domina o varejo brasileiro. Já conseguiu até dinheiro para isso. Captou 1,3 bilhão de dólares em nova rodada de emissão de ações na Nasdaq. E, assim como as suas parceiras de nova geração, quer também incrementar sua operação de crédito.

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Todas estão se preparando para a competição que virá das novas regras do Banco Central, que começam a valer a partir de novembro. Começa pelo Pix, que promete mudar completamente a forma de se fazer pagamentos instantâneos, e na sequência já tem o cronograma de implementação do open banking, que vai abrir tecnologicamente o mercado bancário para a concorrência. As regras do open banking vêm na esteira da Lei Geral de Proteção de Dados. A LGPD dá ao cidadão o direito de fazer o que quiser com os seus dados, afinal são seus. Isso inclui levar para qualquer lugar o histórico de crédito que tem em cada banco ou operadora de cartão de crédito. Quando o open banking estiver em pleno funcionamento, instituições como o Neon já poderão conhecer o cliente tão bem quanto o Itaú com um século de trajetória. Ou o Bradesco, com os seus 80 anos de existência.

Ao contrário do informado anteriormente, o Nubank não fechou a compra da corretora Easynvest. A Fintech negocia a aquisição da empresa

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