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Com pressão inflacionária, mercado estima taxa de juros maior em 2021

Selic, em 2% ao ano, deve subir para 3,5%, segundo Boletim Focus; expectativa para inflação sobe pela terceira semana seguida, mas continua dentro da meta

Por Larissa Quintino Atualizado em 25 jan 2021, 11h46 - Publicado em 25 jan 2021, 09h38

A alta dos preços sentida em 2020 era vista como transitória pelo Banco Central, mas a elevação do preço das commodities no mercado internacional ligou o alerta de que a pressão da inflação possa se estender durante todo este ano. Assim, analistas do mercado financeiro elevaram a previsão da taxa básica de juros, a Selic, para 3,50% ao final de 2021. A informação consta no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 25.

Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária, Copom, manteve a Selic em 2% ao ano, menor patamar da história, mas retirou o forward guidance, mecanismo que dá uma previsão sobre a manutenção dos juros a mais longo prazo. No comunicado, o BC mostrou preocupação com a inflação e o risco fiscal do país, ao mesmo tempo que chamou atenção para a alta ociosidade da economia, que necessita de juros mais baixos.  Antes mesmo da decisão do Copom, os analistas do mercado financeiro já estimavam alta na Selic para este ano (3,25% ao ano), mas aumentaram a estimativa de juros mais altos após o comunicado. O mercado também elevou a previsão de juros para 2022, de 4,75% para 5%.

No Focus dessa semana, o mercado revisou para cima, pela terceira vez consecutiva, a previsão para a inflação. Para o Índice de Preços ao Consumidor, a inflação oficial do país, a expectativa passou de 3,43% para 3,50%. Mesmo com a alta, a estimativa segue abaixo da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para baixo ou para cima.

Em 2020, o IPCA ficou em 4,52%, pressionado principalmente pelo preço dos alimentos. O valor ficou acima da meta, de 4% para o ano, mas dentro  da margem de tolerância. Foi o maior valor anual de inflação desde 2016.

Quando o IPCA está acima do esperado, a Selic tende a aumentar de modo a tentar controlar a inflação. Como o crédito fica mais caro, há menos demanda e a inflação tende a descer. Quando há necessidade de estimular o consumo para aquecer o mercado interno, a taxa de juros tende a cair. Com a ociosidade da economia e a queda na atividade devido à pandemia, a atividade econômica continua baixa. E esse é o desafio  da política monetária no momento. 

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PIB

Os economistas consultados pelo Banco Central apontam numa recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 após a queda histórica de 2020. A perspectiva é que a economia brasileira cresça 3,49% neste ano, após um recuo estimado de 4,37% em 2020. Apesar da crise sanitária ainda não ter ido embora, a expectativa é de continuidade na recuperação das atividades, que passaram por choque no ano passado. Na semana passada, a previsão estava em 3,45%.

A retomada das atividades econômicas, que ganhou fôlego no terceiro trimestre de 2020, somada à expectativa pela vacinação da população são os fatores que o mercado leva em consideração para estimar a recuperação econômica. Além disso, o andamento da agenda de reformas também é essencial para melhorar o ambiente de negócios e destravar investimentos, empurrando assim a retomada.

Vale lembrar que fatores externos impactam o desempenho da economia, incluindo doenças e política externa. No ano passado, por exemplo, a previsão era de crescimento de 2,3% no início do ano, mas o choque de demanda trazido pelo coronavírus impactou em recessão. A estimativa de recuo da economia brasileira em 2020 é de 4,36%, segundo o Focus divulgado nesta segunda. O resultado do PIB do ano passado será revelado no próximo mês de março.

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