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Caixa Econômica Federal já pratica taxas de juros de mercado na concessão de
crédito imobiliário para a classe média. Nesta semana, o novo presidente da instituição, Pedro Guimarães, causou polêmica ao dizer que a classe média pagaria juros de mercado se quisesse conseguir financiamento habitacional no banco. A declaração foi interpretada como uma sinalização de aumento das taxas para esse segmento da população, mas ele negou essa mudança no dia seguinte.
Levantamento feito pelo portal Melhor Taxa mostra que o juro médio praticado pela Caixa já é maior que dos concorrentes do setor privado. Em dezembro, a taxa média da Caixa foi de 8,75%, contra 8,40% do Bradesco.
A política dos bancos privados de reduzir as taxas do crédito imobiliário acabaram tirando da Caixa a liderança na concessão de financiamentos. De janeiro a novembro, o Bradesco liderou a oferta de crédito para habitação, com a liberação de 13,5 bilhões de reais para aquisição e construção de 53.704 imóveis. Já a Caixa, segunda colocada, ofereceu 11,4 bilhões de reais para o financiamento de 49.111 unidades.
Com esse movimento, a participação do banco estatal no mercado de crédito caiu 40,43% para 22,31% em comparação com o mesmo período de 2018. Os dados são da Associação Brasileira de Empresas de Crédito Privado e Poupança (Abecip).
Ao tomar posse na segunda-feira, Guimarães disse que o foco “número 1” da Caixa será atender a população de baixa renda e que a classe média terá de pagar mais para tomar recursos para a compra da casa própria no banco. “Não será juro do Minha Casa Minha Vida (MCMV), que é para quem é pobre. A classe média tem de pagar mais ou vai buscar no Santander, Bradesco, Itaú. Na Caixa, vai pagar juro maior que Minha Casa Minha Vida, certamente, e vai ser um juro de mercado. A Caixa vai respeitar acima de tudo mercado, lei da oferta e da demanda”, afirmou.
Os bancos cobram diferentes taxas nas linhas de crédito imobiliário. O valor varia de acordo com o chamado grau de relacionamento com a instituição, que considera se o cliente tem conta-salário no banco e usufrui de outros produtos e serviços, como cartão de crédito e seguro de vida.
No crédito oferecido pelo Sistema Financiamento de Habitação (SFH), a taxa balcão (para clientes que não têm relacionamentos). é de 10,25% na Caixa – a maior do mercado, segundo levantamento do Melhor Taxa. O SFH usa os recursos das contas de poupança ou repasse do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para o financiamento de novos imóveis. A linha de crédito financia imóveis até 1,5 milhão de reais.
Segundo Rafael Sasso, sócio do portal Melhor Taxa e professor de Finanças, é um erro que o presidente da Caixa use o programa Minha Casa Minha Vida para falar sobre as outras linhas de crédito imobiliário. “A Caixa já pratica o juro de mercado nas suas linhas de crédito. Não dá para comparar o Minha Casa Minha Vida com outras linhas e com os outros bancos. O Minha Casa Minha Vida e outras linhas sociais são mais baratos porque são créditos subsidiados. O importante é comparar as taxas e custos dos mesmos produtos e como estão em relação aos outros bancos.”
O Minha Casa Minha Vida foi criado em 2009 para oferecer financiamento da casa própria em áreas urbanas com juros baixos para famílias de baixa renda.
O programa tem quatro faixas de crédito, divididas por renda bruta máxima. A faixa 1, para quem ganha até 1.800 por mês, não tem juro. Na faixa 1,5, para trabalhadores com renda de até 2.600 reais, a taxa varia entre 4,59% a 5,11%. Já nas faixas 2, (4.000 reais) e 3 (7.000 reais) a taxa varia de 5,11% a 8,47%.
Além da Caixa, o Banco do Brasil é a outra instituição financeira que oferece a financiamento pelo Minha Casa Minha Vida. Segundo o levantamento feito pelo Melhor Taxa, a taxa do MCMV da Caixa chega a ser maior que a do BB.
Questionada sobre um aumento de juro do Minha Casa Minha Vida para alguma das faixas, a Caixa disse negou a mudança. “O presidente reafirmou que as taxas permanecerão inalteradas e continuarão diferenciadas das do Programa Minha Casa Minha Vida, voltado para as classes mais baixas.”