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Casa do futuro tem eletrodomésticos controlados à distância

Internet das coisas permitirá que geladeira avise quando os alimentos acabam ou cafeteira que é acionada pelo alarme do celular

Por Larissa Coldibeli
Atualizado em 26 dez 2018, 09h01 - Publicado em 26 dez 2018, 09h01

Já pensou em controlar a iluminação, a temperatura, a abertura de portas e cortinas, o sistema de vigilância eletrônica e o funcionamento de eletrodomésticos à distância, por aplicativos de celular ou um simples comandos de voz? Isso já é possível graças à Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), que conecta diversos aparelhos entre si.

Grandes empresas de tecnologia, como Google e Amazon, e fabricantes de eletroeletrônicos, como Samsung e LG, vem investido nessa tecnologia, que há alguns anos é apontada como tendência nas principais feiras do setor. Entre os lançamentos de 2018 no Brasil, o destaque foi uma nova linha de ar-condicionado e um closet inteligente que seca, esteriliza e passa as roupas, borrifando ar quente nas peças, ambos da LG. A marca ainda possui TVs, refrigerador, fogão e lava e seca inteligentes, que podem ser controlados pelo celular com um aplicativo próprio.

“A tecnologia está aí para facilitar o dia a dia”, diz Kati Dias, executiva de linha branca da LG. E os equipamentos prometem cumprir essa missão, como a geladeira que avisa quando os alimentos estão acabando, o fogão que vem com receitas pré-programadas, a televisão que pesquisa a trilha sonora de um filme por comando de voz no controle remoto e máquina de lavar que avisa quando há peça presa ou necessidade de manutenção.

Atualmente, eles funcionam de forma independente, pouco se comunicando entre si. Mas isso deve mudar. “A tendência é que os aparelhos fiquem cada vez mais conectados, permitindo monitorar a casa toda”, afirma a executiva da LG.

A Samsung também tem novidades em eletrodomésticos inteligentes, como TVs, lava e seca e uma nova linha de ar-condicionado. Os aparelhos também podem ser controlados à distância, pelo aplicativo da marca ou por comando de voz. Além da praticidade, as inovações trazem outros benefícios, segundo Jefferson Porto, diretor da área de eletrodomésticos da Samsung.

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“A automação proporciona economia de energia e de água, no caso das lavadoras, pois o consumo pode ser monitorado e adequado de acordo com a necessidade do momento”, explica.

Tecnologia para poucos

Como em todo lançamento, os preços dos eletrodomésticos inteligentes ainda são salgados: a Lava e Seca LG TwinWash Titan Master, que tem dois tambores que permitem lavar roupas pesadas e delicadas ao mesmo tempo, chega ao mercado com o preço sugerido de 13.299 reais (tem capacidade de 17 kg no tambor grande e de 2,5 kg na minilavadora). A Lava e seca Samsung QDrive WD6800 é mais modesta, com capacidade de 10,2 kg e preço sugerido de 5.699 reais.

Ainda é uma tecnologia para poucos, como afirma Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). “No exterior, aparelhos conectados são vendidos em mercados, em farmácias. Por aqui ainda é um nicho de elite, mas acredito que em cinco anos deve ser democratizado.”

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Ele diz que ainda faltam alguns passos para a popularização destes produtos. “Não dá para chamar plenamente de automatização porque são coisas muito pontuais, como a TV e a lavadora, que pouco não conversam entre si. Falta integração. Hoje você tem um aplicativo para cada equipamento ou fabricante, não é algo tão prático”, afirma.

Algumas soluções de destaque no exterior ainda não estão disponíveis no Brasil, como o Google Home e o Amazon Echo, que são pequenos alto-falantes que interagem com o usuário, respondendo aos seus comandos de voz, e se conectam a outros aparelhos inteligentes, de fabricantes variados.

“A tendência é ter plataformas mediadoras que serão responsáveis por integrar os equipamentos de diferentes fabricantes. Os principais players que estão disputando são Amazon, Apple, Google e Samsung, mas ainda é cedo para dizer quem vai dominar”, diz Flavio Maeda, presidente da Abinc (Associação Brasileira de Internet das Coisas). Num cenário ideal de integração, por exemplo, o despertador tocaria e enviaria um alerta para a cafeteira, que iniciaria o preparo do café.

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Se essas soluções ainda parecem distantes para os brasileiros, outras já fazem parte do dia a dia de muitas residências por aqui, especialmente para entretenimento e segurança. Uma pesquisa da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação, realizada este ano pela GfK, mostra que 44% das casas possuem smart TVs. Também segundo a pesquisa, 11% das casas possuem circuito interno de vigilância, com câmeras conectadas que permitem ver a imagem em tempo real e a distância, número que sobe para 60% em condomínios, considerando as áreas comuns.

Mercado de grande potencial

Maeda diz que a automatização é um caminho sem volta e deve se estender a outros ambientes, como carro, escritório e lojas. Assim como o professor da FGV, ele também acredita num prazo de cinco anos para popularização dos eletrodomésticos conectados. “As pessoas e as empresas terão que se adaptar à nova onda de transformação digital.”

Segundo a consultoria IDC, o gasto mundial com Internet das Coisas deverá chegar a 772,5 bilhões de dólares em 2018, um aumento de 14,6% em relação aos US$ 674 bilhões gastos em 2017. No Brasil, a expectativa é que este mercado movimente 8 bilhões de dólares este ano, sendo 612 milhões só no segmento residencial.

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Para acelerar o avanço desta tecnologia, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, da Câmara dos Deputados, aprovou um projeto que zera taxas sobre produtos da Internet das Coisas. O texto do Projeto de Lei 7656/17, do deputado Vitor Lippi (PSDB-SP), prevê zerar a cobrança de uma série de taxas que hoje recaem sobre produtos que fazem parte do padrão da Internet das Coisas, o que pode fazer o preço cair consideravelmente. A proposta ainda será analisada pelas comissões de Finanças e Tributação, e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

O avanço tecnológico, porém, traz novos desafios, segundo o presidente da Abinc. “As empresas terão acesso a uma quantidade enorme de dados dos clientes e, se não tratarem de forma apropriada, esses dados podem ser usados para outros fins. Se um hacker entrar no sistema da cafeteira e ver que ela não foi ligada há vários dias, vai deduzir que a casa está vazia e pode facilitar a ação de ladrões”, exemplifica.

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