Canadá reage a Trump e impõe tarifas de 25% sobre importações americanas
Canadenses impõem tarifas recíprocas sobre mais de 100 bilhões de dólares de importações americanas e podem cortar o fornecimento de energia para os vizinhos

O Canadá anunciou a imposição de tarifas recíprocas de 25% sobre a importação de produtos dos Estados Unidos. Segundo a agência de notícias britânica BBC, a sobretaxa será aplicada sobre 107 bilhões de dólares americanos de mercadorias. Desse total, cerca de 43,5 bilhões serão taxados imediatamente. Para o restante, as novas tarifas entrarão em vigor em 21 dias. A medida canadense é a mais dura resposta, até agora, à decisão do presidente americano, Donald Trump, de levar adiante a aplicação de sobretaxas de 25% sobre todas as importações provenientes do Canadá. As tarifas dos Estados Unidos entraram em vigor à meia-noite desta terça-feira 4.
Segundo a BBC, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, emitiu uma declaração afirmando que as tarifas americanas “não têm justificativa”, já que menos de 1% do tráfico de fentanil interceptado pelos policiais de fronteira dos Estados Unidos provém do Canadá.
Como se sabe, o tráfico de drogas — sobretudo o fentanil — é um dos principais argumentos de Trump para retaliar as importações de parceiros comerciais nestes primeiros meses de seu terceiro mandato. O argumento foi usado para justificar não apenas as sanções contra os canadenses, mas também a sobretaxa de 25% sobre as importações do México, que também começou a vigorar hoje. O combate à imigração ilegal é outro cavalo de batalha de Trump, principalmente contra os mexicanos.
Trudeau também observou, na declaração, que seu país adotou medidas para combater o tráfico de drogas nas fronteiras com os Estados Unidos, durante o período entre o anúncio das tarifas, no início de fevereiro, e sua entrada em vigor.
Também nesta quarta-feira, a ministra do Exterior do Canadá, Mélanie Joly, afirmou que as sobretaxas representam um “risco existencial” para seu país, já que muitos empregos estão ligados ao comércio com os Estados Unidos. Outro colega de governo, Marc Miller, ministro da Imigração, declarou que, pelo menos, 1 milhão de empregos estão sob ameaça. “Não podemos substituir uma economia que é responsável por 80% do nosso comércio da noite para o dia, e isso vai doer”, afirmou nesta segunda-feira 3.
A indústria automotiva canadense deve ser uma das mais prejudicadas. Dada a integração das cadeias produtivas do setor, autopeças cruzam a fronteira entre os dois países diversas vezes, durante o processo de produção de um automóvel. A partir de agora, a sobretaxa americana de 25% será cobrada em cada uma dessas ocasiões.
A Casa Branca também resolveu taxar a compra de energia canadense em 10%. A medida causou reações de governadores de províncias canadenses. O premiê de Ontário, Doug Ford, estuda a possibilidade de cortar o fornecimento de energia e as exportações de níquel para os Estados Unidos. As exportações canadenses de energia abastecem hoje cerca de 6 milhões de domicílios americanos. “Se eles querem tentar aniquilar Ontário, eu farei tudo, inclusive cortar sua energia, com um sorriso no rosto”, declarou Ford.