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Brilho antigo, crise nova: Trump faz ativo milenar valorizar 30%

Ouro se torna ativo moderno na era Trump. Metal atinge recorde de US$ 3.500 por onça em meio à guerra comercial e aos ataques à independência do Fed

Por Luana Zanobia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 abr 2025, 10h54

O ouro, ativo milenar de proteção, nunca pareceu tão moderno. Nesta terça-feira, 23, o metal precioso atingiu um novo recorde: 3.500 dólares por onça (cerca de 20.300 reais), impulsionado por um ambiente de crescente incerteza.

No centro da tempestade está o presidente Donald Trump, que provocou uma turbulência com a guerra comercial — e, agora, começou a disparar ataques ao banco central americano, o Federal Reserve (Fed).

As tensões entre a Casa Branca e o Fed ganharam novos contornos após Trump, em uma série de declarações públicas, chamar o presidente da instituição, Jerome Powell, de “lento” e “grande perdedor” por não reduzir com maior rapidez as taxas de juros. Em tom cada vez mais agressivo, o republicano afirmou que “já passou da hora” de Powell deixar o cargo — embora seu mandato esteja previsto para terminar apenas em maio de 2026. A insinuação de uma possível interferência direta no Fed acendeu alertas vermelhos em Wall Street e entre gestores de fundos ao redor do mundo.

A resposta dos mercados veio na forma de uma fuga para ativos de segurança. O ouro acumula alta de 30% no ano, com mais de 19 bilhões de dólares alocados em ETFs lastreados no metal só no primeiro trimestre, segundo o Standard Chartered. A valorização é reflexo não apenas das incertezas macroeconômicas, mas do temor de erosão institucional.

A escalada da guerra comercial, com novas tarifas sobre mais de 180 países somada ao aumento da pressão sobre o banco central, compõe um cenário que lembra mais os anos 1970 do que o século XXI. A diferença é que, naquela época, os choques vinham do petróleo. Hoje, vêm de Washington.

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Apesar das críticas, Powell segue tentando manter o rumo. Comandando o Fed desde 2018, ele tem sido elogiado por arquitetar um raro “pouso suave” — reduzindo a inflação sem provocar uma recessão. A hesitação em cortar juros diante da pressão política é algo que os mercados costumavam premiar. Mas quanto mais Trump repete que “a Europa já cortou sete vezes” e que “é hora de agir”, mais os investidores temem que o banco central acabe cedendo.

Nunca um presidente americano demitiu um chairman do Fed. A possibilidade ainda parece remota, mas o simples fato de ser considerada já distorce o comportamento dos ativos.

Há algo de irônico no movimento: enquanto o mundo assiste a inovações em IA, moedas digitais e big data, os investidores mais sofisticados correm para o ativo mais antigo conhecido pela humanidade. O ouro não distribui dividendos nem se adapta a algoritmos — mas brilha justamente quando as engrenagens do sistema moderno parecem ameaçadas.

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