O Brasil deve se declarar oficialmente livre de gripe aviária nesta quarta-feira, 18, após 28 dias de monitoramento rigoroso sem novos registros da doença. A informação foi confirmada por Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A retomada do status sanitário ocorre após o período de “vazio sanitário”, intervalo previsto pelos protocolos internacionais que começou a ser contado após a desinfecção da granja comercial em Montenegro (RS), onde, em 15 de maio, foi identificado o primeiro foco da doença em aves de produção.

Com o novo status, o governo brasileiro inicia o processo de notificação formal à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e pretende intensificar as negociações para que países que impuseram restrições ao frango brasileiro comecem a reverter os embargos. A retomada das exportações, no entanto, deve ocorrer de forma gradual. Segundo o Mapa, mais de 40 mercados adotaram algum tipo de limitação desde a confirmação do caso no Rio Grande do Sul, variando entre restrições nacionais, regionais ou locais.

A União Europeia e outros 20 países mantinham bloqueio total às exportações de frango brasileiro, de acordo com a última atualização do ministério, feita em 10 de junho.  Outros 19 restringiam apenas os produtos oriundos do Rio Grande do Sul, enquanto quatro aplicavam suspensões apenas à região de Montenegro, que não é um polo expressivo de exportação. Países como México e Rússia já haviam adotado medidas de regionalização antes mesmo da conclusão do vazio sanitário.

Maior exportador de carne de frango do mundo, o Brasil enfrenta desafios comerciais desde que o vírus foi detectado em uma granja – até então, os casos no país restringiam-se a aves silvestres ou de subsistência. Ainda que o vírus H5N1 seja altamente contagioso entre aves, o Ministério da Agricultura reitera que não há risco de transmissão ao ser humano por meio do consumo de carne de frango ou ovos, e que nunca foi registrado um caso da doença em pessoas no Brasil.

A gripe aviária é uma ameaça recorrente em diversas partes do mundo. Só na Europa, mais de 200 surtos foram registrados em 2025. No Brasil, embora o vírus já tenha sido identificado anteriormente em aves silvestres, o caso de Montenegro marcou a primeira ocorrência em uma granja comercial, acendendo o alerta para impactos sobre um setor que movimenta bilhões de dólares em exportações.

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