Com o aumento no número de pedidos de recuperação judicial no Brasil e alta dos juros, cresce também o mercado de crédito estressado, cujo foco são os ativos de empresas em dificuldades financeiras, problema de crédito, liquidez, recuperação judicial e até falência.

Uma das pioneiras nesse segmento, a MA7, tem 15 anos nesse mercado, e em 2024 viu sua captação de recursos mais do que dobrar para seus investidores.

“Em 2023 nós captamos para os nossos club deals 70 milhões de reais de recursos. Em 2024 nós tivemos a captação de 150 milhões de reais, um crescimento exponencial”, diz Matheus Matos, sócio e diretor jurídico da MA7 Negócios.  A  empresa possui mais de 800 investidores e já estruturou mais de 60 operações, totalizando aproximadamente 450 milhões de reais recuperados. 

Segundo Matos, o crescimento do mercado foi impulsionado pelo aumento das recuperações judiciais (RJ), e pelos registros de falências, financiamento de litígios e disputas judiciais (legal claims), direitos hereditários, imóveis estressados (real estate distress) e créditos inadimplidos de bancos (NPL – Non-Performing Loans). Em 2024, os pedidos de recuperação judicial alcançaram o maior nível em quase 20 anos, quando começou a série história da Serasa Experian, totalizando mais de 2 273 requerimentos. O número representa um aumento de 62% em relação ao ano anterior

“Embora o ambiente econômico estivesse aquecido em 2024, o Brasil enfrenta uma taxa de juros bastante restritiva. Para as empresas que entram em inadimplência e não conseguem reverter essa situação, o instrumento de recuperação judicial auxilia na reorganização, evitando assim a falência”, diz a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack.  De fato, em 2024, as empresas no Brasil apresentaram 949 pedidos de falência no Brasil,  queda de 3,5% na comparação com o ano anterior.

Investimento é de alto risco

O mercado de crédito estressado é voltado para investidores experientes e profissionais do mercado financeiro que querem diversificar seu portfólio, diz o sócio da MA7. “É um investimento de alto risco, gerando altos retornos, um investimento para investidores que conhecem o mercado financeiro.”

Ele diz que apesar do risco, há uma análise rigorosa antes de cada investimento que inclui revisão jurídica,  análise de solvência do devedor e da contraparte, análise de crédito e um exame detalhado de empresas em recuperação judicial.  “Mas ao mesmo tempo que têm um alto risco, têm uma alta análise.”

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