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Bolsonaro admite que questionou reajuste do diesel da Petrobras

Presidente diz que não é 'intervencionista' nem quer fazer 'políticas que fizeram no passado', mas quer saber o motivo da alta ficar acima da inflação

Por Por Redação
Atualizado em 12 abr 2019, 15h27 - Publicado em 12 abr 2019, 14h51

O presidente da República, Jair Bolsonaro, confirmou nesta sexta-feira, 12, que procurou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, após o anúncio do reajuste de 5,7% do preço do diesel pela petroleira na véspera. Horas depois da conversa entre os dois, a empresa voltou atrás na decisão.

Em visita ao Amapá, Bolsonaro disse que não é “intervencionista” nem quer fazer “as políticas que fizeram no passado”, mas afirmou que ligou para Castello Branco, pedindo explicações sobre a medida. “Eu liguei para o presidente, sim. Me surpreendi com o reajuste de 5,7%. Não vou ser intervencionista. Não vou praticar a política que fizeram no passado, mas quero os números da Petrobras.”

Bolsonaro disse que questionou o porquê de o aumento ficar acima da inflação. “Convoquei para terça-feira (16) todos da Petrobras para me esclarecer o porquê dos 5,7% quando a inflação projetada para este ano está abaixo de 5%. Só isso e mais nada. Se me convencerem, tudo bem. Se não me convencerem, vamos dar a resposta adequada a vocês”, afirmou o presidente da República.

O presidente citou os caminhoneiros para justificar a sua decisão. “Eu estou preocupado com o transporte de carga, com os caminhoneiros. São pessoas que realmente movimentam as riquezas. Queremos um preço justo para o óleo diesel”, disse Bolsonaro.

Pela manhã, o vice, Hamilton Mourão, afirmou em entrevista à CBN que a determinação de Bolsonaro para a Petrobras recuar do reajuste no diesel foi um caso “isolado”. Também disse crer em bom-senso e que não se repetirá a política de preços adotada do governo Dilma Rousseff (PT).

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O recuo no reajuste foi visto de forma positiva pelos caminhoneiros. Na manhã desta sexta, um dos principais líderes do setor, Wallace Landim, o Chorão, creditou ao presidente Bolsonaro a medida. “Isso prova que mais uma vez o presidente está do nosso lado, ao lado da categoria. É um comprometimento que ele teve com a categoria e que a gente teve apoiando a sua candidatura.”

Já na Petrobras, o conselho de administração recebeu mal a notícia. Castello Branco tentou passar mensagem de segurança aos conselheiros, de que não está fugindo à linha de gestão que prometeu adotar – de independência e prioridade ao retorno dos investimentos.

O recuo gerou queda nas ações da Petrobras no Ibovespa. Às 14h40, as ações ordinárias da empresa (PETR3), que dão direito a voto, despencavam 7,6%. Já as preferenciais (PETR4) eram as mais negociadas do índice, e caíam a 7%.

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Entenda o caso

Na quinta-feira 11, a Petrobras anunciou aumento de 5,7% no preço diesel, de acordo com a sua atual política de reajuste de preços. Em nota divulgada horas depois, no entanto, a petroleira voltou atrás em sua decisão, afirmando que “avaliou ao longo do dia, com o fechamento do mercado, que há margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel”.

O reajuste estabelecido na quinta-feira seria o maior desde que Bolsonaro assumiu o governo do país. O motivo seria a possível indisposição com os caminhoneiros. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência monitora atentamente as movimentações da classe em direção a uma nova greve desde o mês passado. O governo quer evitar o início de uma nova paralisação com receio de que tome as mesmas proporções da que ocorreu no ano passado. O estopim, na época, foi justamente as altas do preço do diesel.

No mês passado, a Petrobras, a pedido do governo diante de ameaça de greve dos caminhoneiros, estendeu o prazo de reajuste do combustível. A companhia se comprometeu a não fazer reajustes inferiores a quinze dias. Anteriormente, a empresa adotava uma política de mantê-los estáveis por períodos de tempo de até sete dias. O custo na refinaria corresponde a cerca de 54% dos preços que chegam ao consumidor final. 

A Petrobras tem informado que sua política de preços busca a paridade de importação, tendo como referência indicadores internacionais como câmbio e petróleo, em busca de rentabilidade.

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