Bolsas americanas derretem com novo capítulo em guerra comercial de Trump
Índices de ações nos EUA e o Ibovespa operam em baixa no dia, enquanto investidores observam retaliação da China a produtos importados americanos

As bolsas americanas e outros ativos de risco no mundo, como a bolsa brasileira, operam em queda no começo da tarde desta segunda-feira, de olho nos desdobramentos da guerra comercial em curso pelos EUA contra outros países. Perto das 13h20, o Dow Jones recuava 1,30%, enquanto o S&P 500 cedia 2,27%; o Nasdaq tinha queda de 3,57%.
No Brasil, o Ibovespa operava em baixa moderada de 0,42%, mas, ainda assim, seguindo a trajetória no exterior. No mercado de câmbio, o dólar subia 0,52% contra o real, a 5,817 reais.
No pano de fundo, mais uma vez a guerra comercial dos EUA pauta a procura por segurança dos investidores. A partir de hoje, a China, o maior país consumidor de diversas commodities globais, passou a impor tarifas sobre diversos produtos agrícolas americanos, em mais um passo na instabilidade nas relações entre os dois países. Produtos como frango, milho e trigo vindos dos EUA são agora tributados em 15% na China, enquanto carnes, frutas e soja sofrem com uma tarifa adicional de 10%.
As medidas são uma resposta à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de subir as tarifas comerciais para a China em duas ocasiões desde o começo do mandato. Diferentemente do México e Canadá, que chegaram a ter uma trégua de um mês para a aplicação das novas alíquotas, a China até chegou a abrir conversas com Washington, mas sem grandes surpresas positivas.
Ao Financial Times, Tomasz Wieladek, economista da gestora americana T Rowe Price, afirmou que os investidores “começam a se dar conta” de que Trump não se importa com a economia real no curto prazo. “Os mercados agora estão começando a levar o futuro da guerra comercial a sério e o quão doloroso isso será”, afirma.
Entre os setores mais afetados, bancos e companhias de tecnologia estão no centro das baixas, caso de Nvidia, com queda de 5%, além de Morgan Stanley, Citigroup e Goldman Sachs. As ações da Tesla recuam mais de 7%.
O movimento negativo de hoje, antecipado por outros mercados já fechados no dia, como Europa e Ásia, é uma sequência de preocupações também em relação a uma possível recessão nos EUA, acompanhada de inflação elevada — a chamada estagflação, no jargão econômico. Ontem, em entrevista à Fox News, Trump afirmou que não descarta uma recessão ou inflação mais alta no país. Na ocasião, ele também disse que as empresas tinham clareza a respeito dos planos comerciais do governo e criticou aquelas que expressaram confusão com as medidas.