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Boicotes têm pouco impacto econômico, mas serve como alerta político

Em resposta ao tarifaço de Trump, consumidores de diversos países defendem a suspensão de compras de produtos americanos e substituição por itens locais

Por Redação Atualizado em 11 abr 2025, 11h49 - Publicado em 11 abr 2025, 11h07

O aumento das tarifas de importação impostas pelo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, provocou uma onda global de boicotes a produtos americanos. O movimento, que começou como resposta à guerra tarifária, agora se espalha por redes sociais, supermercados e até viagens internacionais, com consumidores buscando alternativas locais para evitar marcas dos Estados Unidos.

Pesquisas indicam amplo apoio popular à campanha de boicote. Na Áustria, por exemplo, mais de 70% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a evitar produtos dos Estados Unidos como forma de protesto. Apesar disso, muitos reconhecem a dificuldade de cortar totalmente os laços com empresas americanas, já que serviços como Facebook, Amazon e Apple Pay continuam fortemente integrados à vida cotidiana global.

Embora o impacto econômico direto dos boicotes possa parecer expressivo à primeira vista, na prática ele costuma ser limitado. Boicotes são antes de tudo gestos políticos – têm valor simbólico, dão voz ao descontentamento e podem influenciar debates públicos, mas raramente afetam de maneira consistente o faturamento de grandes corporações. Muitas vezes, a adesão inicial perde força com o tempo, especialmente quando exige mudanças de hábito ou renúncia a produtos populares.

O simbolismo do boicote funciona como uma forma de engajamento político do cidadão comum, mesmo que seu efeito econômico seja pífio. O recado enviado por esses consumidores – especialmente em democracias – pode servir como alerta para líderes e empresas sobre os custos de decisões políticas impopulares. Nesse contexto, mesmo que não abale o balanço financeiro das companhias, o boicote pode influenciar estratégias de mercado e posicionamentos institucionais no longo prazo.

Um exemplo do peso político dos boicotes é o da Dinamarca. O Salling Group – maior rede varejista do país – passou a identificar produtos europeus com uma estrela preta para facilitar a escolha do consumidor. Os consumidores do país estão especialmente empenhados em mandar uma mensagem de indignação contra os Estados Unidos, já que Trump manifestou a intenção de anexar a Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca.

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Já em países como França, Alemanha e Reino Unido, grupos no Facebook reúnem milhares de usuários engajados em campanhas para evitar marcas americanas como Coca-Cola, Starbucks e McDonald’s. A hashtag #BoycottUSA (“BoicoteEUA”) está em alta, enquanto ações como virar produtos americanos de “cabeça” para baixo nas prateleiras para desencorajar compras têm se tornado comuns.

O Canadá também entrou com força no movimento. Após Trump impor tarifas de 25% a um conjunto de produtos, além das barreiras adicionais a aço, alumínio e automóveis canadenses, governos provinciais removeram bebidas alcoólicas americanas das prateleiras e lançaram campanhas como “Buy Canadian” (algo como “compre canadense”). Aplicativos como Maple Scan e Buy Beaver ajudam consumidores a identificar a origem dos produtos. O impacto foi tão significativo que empresas locais relataram aumentos expressivos nas vendas e acessos a sites voltados à produção nacional.

A Tesla, empresa do bilionário Elon Musk — aliado de Trump e chefe de uma agência para-governamental focada em cortar gastos públicos — tem sido um dos alvos principais da revolta. Em várias cidades europeias, veículos da marca foram incendiados em protestos, e as vendas despencaram 45% em janeiro em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Na Europa, a montadora perdeu espaço para concorrentes como Volkswagen, BMW e suas subsidiárias.

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