Baidu, concorrente chinês do Google, vai lançar taxi robô na Europa
A gigante chinesa de tecnologia está em conversas avançadas para testar o serviço de robotáxis Apollo Go na Europa, a começar pela Suíça

A Baidu, gigante chinesa de tecnologia frequentemente comparada ao Google (que não pode operar na China), está em conversas avançadas para testar o serviço de robotáxis Apollo Go na Europa. A operação terá início na Suíça, onde a Baidu já negocia com a PostAuto, operadora de transporte público e subsidiária dos correios suíços, para adaptar sua tecnologia ao mercado local. A expectativa é que a operação na Suíça seja iniciada até o final do ano.
O movimento faz parte de uma estratégia de internacionalização que inclui também planos para a Turquia, ampliando a presença do Apollo Go para além da China continental, Hong Kong, Dubai e Abu Dhabi. A escolha da Suíça se deve ao interesse do governo local em inovações na área de mobilidade e à existência de empresas de táxi e operadores de frotas que podem aderir ao modelo de expansão “asset-light”, ou seja, com foco em parcerias e não em grandes investimentos em frota própria.
Atualmente, o Apollo Go opera em mais de dez cidades chinesas e realizou mais de 9 milhões de corridas desde seu lançamento, sendo 1,1 milhão apenas no último trimestre de 2024. Em Wuhan, por exemplo, mais de 70% das viagens já são totalmente autônomas, sem a presença de motorista, e a expectativa é que esse índice chegue a 100% nos próximos trimestres. O serviço também opera na fase de testes em Hong Kong, onde já recebeu autorização para se expandir.
A entrada da Baidu no mercado europeu ocorre em um cenário de crescente competição global. Empresas chinesas como WeRide e Pony.ai também avançam com testes e parcerias na Europa e no Oriente Médio, enquanto a Uber firma acordos para integrar veículos autônomos de diferentes fornecedores à sua plataforma. O mercado global de mobilidade autônoma, avaliado em 600 bilhões de dólares, deve crescer rapidamente, com projeções de que mais de que meio milhão de robotáxis estejam em operação nas principais cidades chinesas até 2030.
Apesar do entusiasmo, a expansão internacional dos robotáxis chineses enfrenta desafios regulatórios e preocupações de segurança, especialmente em mercados ocidentais. Recentemente, um incidente com um robotáxi da Pony.ai em Pequim reacendeu o debate sobre a necessidade de regulamentação específica para veículos autônomos. Autoridades e analistas destacam, porém, que empresas como Baidu têm vantagem competitiva devido à barreira tecnológica de entrada e ao acúmulo de dados essenciais para o desenvolvimento de algoritmos avançados.
Fundada em 2000, a Baidu é hoje uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, com atuação que vai muito além dos robotáxis. Líder em buscas online na China, a empresa também investe fortemente em inteligência artificial, computação em nuvem, soluções de saúde digital, mapas, streaming de vídeo e assistentes virtuais. Seu ecossistema integrado permite sinergias entre serviços de pesquisa, conteúdo, nuvem e IA.
Um dos projetos inusitados da Baidu é o desenvolvimento de uma tecnologia de IA para converter sons de animais em linguagem humana — ou seja, um aparelho que permitiria aos animais se comunicar com humanos. Os cetáceos (baleias, cachalotes, entre outros) seriam os primeiros a terem seus sons traduzidos. O faturamento da Baidu em 2024 foi de 18 bilhões de dólares.