Avon pede recuperação judicial nos EUA e derrete ações da Natura
Dona da marca, Natura se compromete a emprestar US$ 43 milhões à Avon
A Avon Products apresentou um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos na noite desta segunda-feira (12), alegando que precisa de tempo para estruturar dívidas estimadas, inicialmente, em 1 bilhão de dólares, mas que podem alcançar os 10 bilhões. A Avon Products é a holding que controla a marca de cosméticos Avon, cuja compra pela Natura&Co (NTCO3) foi anunciada em maio de 2019 e concluída no início de 2020.
As ações da empresa brasileira derreteram na bolsa na terça-feira, 13. Os papéis tombaram 8,85%, vendidos Por volta das 16h30, os papéis tombavam 8,55%, e eram negociados por 14,93 reais. Em fato relevante publicado ontem, a Natura afirma que “é a maior credora” da Avon e que “continua acreditando no potencial da marca”.
A brasileira se comprometeu a conceder um financiamento de 43 milhões de dólares (cerca de 234,5 milhões de reais) à Avon, na modalidade DIP (debtor-in-possession). Além disso, pretende realizar uma oferta de 125 milhões de dólares para comprar as operações da Avon fora dos Estados Unidos. A oferta será supervisionada pela Justiça americana. Os créditos da Avon junto à Natura serão usados como contrapartida na operação.
Segundo os brasileiros, “nenhum impacto é esperado nas operações da Avon, que estão localizadas fora dos Estados Unidos e não fazem parte do procedimento do Chapter 11”. A companhia acrescenta que “isso inclui as operações nos mercados da América Latina, onde a marca Avon é distribuída pela Natura e a integração das duas marcas continua a apresentar um progresso constante.”
Na época da aquisição, a Natura avaliou a Avon em 2 bilhões de dólares. O arranjo previa que os antigos acionistas da marca passariam a deter 27% do grupo que seria criado, deixando 72% para os acionistas da brasileira. A união gerou o quarto maior grupo de produtos de beleza do mundo.
A recuperação judicial da Avon não poderia vir em pior hora. Também ontem, a Natura divulgou o balanço do segundo trimestre, considerados negativos pelos analistas de mercado. Apesar de uma alta de 5,4% na receita líquida, quando comparada ao mesmo período do ano passado, totalizando 7,3 bilhões de reais, a empresa apresentou um prejuízo líquido consolidado de 859 milhões de reais. As perdas são 17% maiores que o prejuízo apresentado entre abril e junho de 2023.
Em relatório enviado a clientes hoje, o Banco Safra expressa preocupação com a queima de caixa da Natura, estimada em 858 milhões de reais na comparação trimestral. A cifra ficou acima das expectativas do Safra, devido a um consumo de capital de giro maior que o usual. Com isso, a disposição da Natura de emprestar 43 milhões de dólares à Avon ganha outro contexto, já que pesará no caixa, de acordo com o Safra.