As estrelas do esporte que brilham também no mercado financeiro
Em muitos casos, eles até ajudam na gestão das companhias bilionárias
Brilhar em Nova York não é novidade para Roger Federer. Cinco dos vinte Grand Slams, como são chamados os principais torneios de tênis, vencidos pelo astro suíço ocorreram no complexo de Flushing Meadows, sede do US Open, no distrito de Queens. Aos 40 anos, ele já celebra novas façanhas a cerca de 20 quilômetros dali, no coração de Manhattan, mais precisamente em Wall Street. Sua estreia na bolsa de valores mais famosa do planeta foi tão espetacular quanto a elegância de suas raquetadas.
Há dois anos, Federer tornou-se sócio investidor da On Holding, uma até então modesta marca suíça de calçados esportivos fundada em 2010 pelo ex-triatleta Olivier Bernhard. Desde então, o negócio decolou. No primeiro semestre deste ano, as vendas da On subiram 85%. No último dia 15, a empresa estreou na Bolsa de de Nova York (Nyse) com um salto de 50% em suas ações, com valor de mercado de 11 bilhões de dólares — em uma semana, a quantia já dobrou.
Federer, portanto, envereda pelo caminho que consagrou outro membro do clube dos GOATs (sigla em inglês para “maior de todos os tempos”). Um deles é Michael Jordan, o rei do basquete, que em 1984 assinou o contrato mais bem-sucedido do esporte mundial, que impulsionou tanto o prodígio do Chicago Bulls quanto a Nike. Sua linha de calçados, a Air Jordan, rendeu-lhe mais de 1 bilhão de dólares e segue sendo item de desejo de colecionadores. A mais recente tacada de mestre de Jordan foi vestir no time de futebol mais estrelado do mundo, o PSG de Neymar, Messi e Mbappé.
As feras, claro, não agem sozinhas. Na maioria dos casos, são apenas o rosto mais conhecido de uma megaestrutura. “Os superatletas se tornam, por si só, uma grande marca”, ressalta Henning Sandtfoss, fundador da Redoma Capital, empresa que cuida das finanças de jogadores da seleção e medalhistas olímpicos. “Por isso se cercam de profissionais especializados, que mostrarão os possíveis caminhos e eventuais riscos.”
Há quem busque opções menos óbvias. O irlandês Conor McGregor, ex-campeão do UFC, um marqueteiro de primeira, tornou-se o atleta mais bem pago em 2021, segundo a revista Forbes, mesmo tendo feito apenas três lutas (foi derrotado em duas delas, inapelavelmente) desde 2018. O motivo: vendeu por 150 milhões de dólares a sua participação majoritária na marca de uísque que criou em 2018, a Proper No. Twelve.
Tom Brady, o gênio do futebol americano, também tem dado valiosas contribuições ao empreendedorismo. O marido de Gisele segue levando trombadas aos 44 anos — em fevereiro, conquistou seu sétimo Super Bowl —, mas empresta seu prestígio a outros projetos. Na semana passada, a Religion of Sports, empresa de mídia esportiva da qual é sócio, firmou parceria com a startup brasileiraAdventures. “O melhor conteúdo sobre o Brady ainda está por vir e vamos explorá-lo no Brasil”, avisa Ricardo Dias, fundador da Adventures. Meses atrás, o quarterback do Tampa Bay Buccaneers também decidiu apostar no setor de criptoativos ao fundar a Autograph, empresa que vende NFTs, itens digitais colecionáveis e certificados. A tenista Naomi Osaka já é uma de suas parceiras. Como de costume, os craques seguem buscando — e enxergando — as melhores brechas.
Publicado em VEJA de 29 de setembro de 2021, edição nº 2757