Após concessão, Linha 7 da CPTM deixará de atender duas estações
Rota da CPTM que parte de Jundiaí foi leiloada na semana passada pelo governo de São Paulo e integrará sistema do Trem Intercidades, da capital a Campinas
A concessão da Linha 7-Rubi da CPTM, que liga Jundiaí, no interior do estado de São Paulo, à estação Brás, no centro da capital, deverá ser encurtada após ser passada para as mãos dos novos donos, o que está previsto para acontecer em 28 de junho.
O contrato prevê que, com a nova operação, ela deixará de atender as duas estações finais de seu percurso atual, Luz e Brás, passando a terminar na Barra Funda, na zona oeste da cidade. Com isso, os passageiros da linha perderão o acesso direto a diversas outras linhas do Metrô e da CPTM que saem dessas estações e passarão a ter que fazer ao menos uma baldeação a mais, partindo da Barra Funda, para ter acesso a elas. De acordo com argumentos apresentados pelo governo e a CPTM durante os períodos de audiência pública do projeto, a Estação da Luz já estaria saturada e não tem espaço para comportar o desembarque de tantas linhas.
Desde 2021, a Linha 7, que vai até a Luz, é atendida pela CPTM em conjunto com a Linha 10-Turquesa, que parte da Luz, depois para o Brás e depois segue para a região do ABC Paulista. Com o serviço 710, essa viagem direta junta as 31 estações dos dois trechos e liga Jundiaí, a noroeste da capital, diretamente a Rio Grande da Serra, na região do ABC, a sudoeste. Com a concessão, o serviço 710 também deixará de existir. A assinatura do contrato, que marca o início da gestão privada, deve acontecer 120 dias depois da realização do leilão da semana passada, ou seja, no fim de junho.
Até lá, o serviço 710, com as paradas na Luz e Brás, continuam funcionando normalmente. “Depois disso, os passageiros que embarcarem na Linha 7 com destino ao Brás precisarão desembarcar na Estação Barra Funda e fazer baldeação”, informou em nota a Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI) de São Paulo, responsável pela licitação. “A secretaria trabalha para ampliar a interoperabilidade entre as linhas de trens urbanos a fim de aprimorar a prestação de serviço aos passageiros e reduzir os tempos de viagem”, acrescentou.
Com o encurtamento da Linha 7, os passageiros que vêm do circuito de Jundiaí e queiram, por exemplo, chegar à Luz, em vez de seguir apenas uma estação a mais pela mesma composição, terão que descer na Barra Funda, andar três estações pela Linha 3-Vermelha, até a República, trocar de trem pela segunda vez e andar mais uma estação, pela Linha Amarela, até a Luz.
As estações Luz e Brás são dois grandes polos de integração do centro da cidade. De lá, partem diversas linhas tanto do metrô quanto da CPTM. É o caso da Linha 4-Amarela e da Linha 1-Azul do Metrô, que saem da Luz rumo às zonas norte, sul e oeste da cidade. A Linha 11-Coral (Luz-Estudantes) e a Linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana), além da própria Linha 10 (Luz-Rio Grande da Serra), são outras que partem dali e das quais os usuários da Linha 7 perderão o acesso direto.
USP Leste, o Terminal Rodoviário do Tietê, a Estação Faria Lima, que dá acesso ao centro financeiro da capital, e a Estação Butantã, ligação mais próxima à Cidade Universitária, são algumas das paradas de grande fluxo que estão nas linhas que saem da Luz e do Brás.
A Linha 7 da CPTM foi concedida à iniciativa privada pelo governo de São Paulo em leilão realizado na semana passada. Ela foi arrematada e será operada, pelos próximos 30 anos, pelo consórcio C2 Mobilidade Sobre Trilhos, liderado pela estatal chinesa CRRC, gigante mundial da fabricação de trens, e a Comporte, empresa da família Constantino, fundadora da Gol. A linha da CPTM faz parte do megapacote de transporte concedido ao grupo e que inclui a construção e gestão do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte, nova ferrovia de média velocidade que ligará São Paulo a Campinas, no interior. As rotas para Campinas serão interligadas à Linha 7.
Integração com Campinas
O pacote da concessão do Trem Intercidades Eixo Norte cria duas novas ligações de São Paulo a Campinas e cidades do entorno. São linhas que não existem hoje e que serão construídas pelas empresas vencedoras junto com o governo estadual, numa parceria público-privada (PPP). A inauguração completa deve ocorrer em 2031.
A principal delas, o Trem Intercidades (TIC), fará uma viagem expressa diretamente de São Paulo, partindo também da estação Barra Funda, para Campinas, com apenas uma parada, em Jundiaí. O tempo total da viagem será de 1 hora, e o preço máximo da passagem pelo trecho completo deve ser de 64 reais, devendo haver descontos em diferentes horários.
Em paralelo, haverá o chamado Trem Intermetropolitano (TIM), ou Serviço Parador, que fará a mesma viagem de Jundiaí a Campinas, mas com paradas nas cidades do trajeto: Louveira, Vinhedo e Valinhos. Para esse bloco, o valor da passagem pela viagem completa foi definido em 14 reais. Os valores serão atualizados pela inflação até o início da operação.
Conforme mostrou reportagem da revista VEJA desta semana, será o primeiro trem de passageiros para viagens de média ou longa distância a ser construído no Brasil desde que as ferrovias entraram em declínio, na segunda metade do século passado.