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Após colapso da véspera, petróleo enfrenta novo dia de queda pelo mundo

Depois do barril americano ser negociado com cotação negativa, agora é a vez do tipo Brent, de Londres, cair abaixo dos US$ 20, o que não ocorria desde 2001

Por Alessandra Kianek Atualizado em 21 abr 2020, 12h15 - Publicado em 21 abr 2020, 12h01

Após o colapso histórico do preço negativo do barril nos Estados Unidos na segunda-feira, o petróleo enfrenta um novo dia de desafios, desta vez no mercado londrino. O preço do barril do tipo Brent, negociado na bolsa de Londres e referência para a Petrobras e os negócios no Brasil, chegou a ser negociado abaixo dos 20 dólares — o que não ocorria desde 2001. A paralização das atividades econômicas no mundo todo causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) levou a um congelamento da demanda global pelo combustível, ocasionando um excesso de estoque sem ter onde armazenar. Às 11h50, desta terça-feira, 21, a cotação havia se recuperado um pouco e estava em 20,40 dólares, mas ainda com uma queda vertiginosa de 22%.

Embora a bolsa de valores brasileira, a B3, esteja fechada nesta terça-feira, devido ao feriado de Tiradentes, a Petrobras tem certificados de ações (ADRs) nos Estados Unidos, cujo mercado está aberto. Os papéis da estatal brasileira registram perdas de 4,7% no mercado americano. Já o índice de ações brasileiras no exterior, o EWZ, cai 2,8% — esse índice reflete as variações dos preços das ações mais negociadas na bolsa brasileira.

Na véspera, o preço do barril do tipo WTI (West Texas Intermediate) no mercado futuro, referência no mercado americano, entrou em colapso e foi negociado a -37,63 dólares — a primeira vez na história que o preço fechou negativo. Isso aconteceu porque os investidores começaram uma corrida para vender os contratos de maio (que vencem hoje), porque ninguém queria receber a entrega física, uma vez que a capacidade de armazenamento do combustível nos Estados Unidos está chegando ao limite. Os preços negativos significam que os produtores estavam pagando para que os seus óleos fossem retirados. Nesta terça, o WTI tenta uma recuperação, mas ainda com preços baixíssimos. O barril do contrato de maio está sendo negociado a 1,41 dólar e por vezes voltou ao campo negativo.

O colapso começa a se espalhar para outros contratos. O WTI para entrega em junho chegou a cair 25% nesta sessão, para 15,40 dólares por barril. A ampliação do choque dos preços para os contratos futuros que não estão perto do vencimento sublinhou a gravidade da crise no mercado de petróleo. Tanques de armazenamento, oleodutos e navios-tanque estão sendo rapidamente sobrecarregados por um grande excesso de oferta causado pela queda na demanda de combustível. A holandesa Royal Volpak, uma das maiores empresas independentes de armazenamento de petróleo do mundo, comunicou que o espaço para armazenar combustíveis brutos e refinados praticamente se esgotou.

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