Agro deve ter safra recorde com 1,6 milhão de toneladas além do projetado
Estimativa de julho do IBGE revisa em 0,5% a expectativa para safra agrícola do ano, com 308,9 milhões de toneladas; volume é 17% maior que em 2022
A estimativa para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2023 foi revisada para 308,9 milhões de toneladas, um acréscimo de 0,5% na projeção de julho em relação a de junho, isto é, 1,6 milhão de toneladas a mais. Os 308,9 milhões renovam a expectativa de recorde, sendo 45,7 milhões de toneladas a mais (17,4%) que a obtida em 2022, quando totalizou 263,2 milhões de toneladas., até então o maior volume já produzido no Brasil.
Já com relação à área a ser colhida, a estimativa da LSPA de julho foi de 77,1 milhões de hectares, um aumento de 5,2% (3,8 milhões de hectares) frente à área colhida em 2022. Em relação à projeção de junho, aumento de 0,2% (118,9 mil hectares).
Os recordes do agronegócio são o grande impulso para o crescimento do país em 2023. No primeiro trimestre, a economia avançou 1,9%, com crescimento de 21,6% do agronegócio. E o setor continua impulsionando a economia. Em maio, os serviços tiveram avanço de 0,9%, depois de recuo em abril, impulsionado justamente por transporte de cargas agrícolas.
Carlos Barradas, gerente da pesquisa, afirma que alguns produtos se destacam no aumento de 0,5% na estimativa de julho em relação a do mês anterior. Mas que, de maneira geral, os poucos percalços climáticos no país ajudam a explicar a expectativa de safra recorde. “À exceção do Rio Grande do Sul, que sofreu com mais um ano de forte estiagem, as lavouras nas demais unidades da federação apresentaram boas condições de produção”, ressalta. Entretanto, o pesquisador lembra que, mesmo no estado gaúcho, os problemas no clima não foram tão graves quanto em 2022.
Entre os produtos, destaque para o algodão herbáceo (em caroço), cuja estimativa é de 7,4 milhões de toneladas, número recorde que representa um aumento de 7,2% em relação à estimativa anterior. Na comparação com 2022, a previsão é de crescimento de 10,2%, em função da expansão de 5,6% na área cultivada. “Essa expansão da área se dá por conta dos bons preços, concomitantemente ao clima favorável, principalmente na 2ª safra, época em que a maior parte da cultura é cultivada, impulsionando o crescimento da produção das lavouras”, explica Barradas. Outro produto é o trigo, cuja produção deve alcançar 10,8 milhões de toneladas, aumento de 1,2% em relação a junho e de 7,1% em relação à safra de 2022, sendo também recorde.
Segunda safra
A 2ª safra do milho totalizou 97,1 milhões de toneladas, aumento de 0,8% (ou 767,5 mil toneladas). “O clima favorável para esta segunda safra explica este aumento”, afirma o pesquisador. Os maiores incrementos de produção foram informados pela Bahia (43,1% ou 224, 4 mil toneladas) e Mato Grosso (1,5% ou 707,4 mil toneladas).
Já no caso da soja, o LSPA prevê 148,8 milhões de toneladas, acréscimo de 0,3% (388,2 mil toneladas) na comparação com a estimativa anterior. “A recuperação da produtividade das lavouras na maior parte do País, na comparação com a média alcançada em 2022, foi o principal fator responsável por esse aumento”, explica Barradas, lembrando a exceção do Rio Grande do Sul, que sofreu com mais um ano de forte estiagem. O aumento da produção em relação ao mês anterior se deve, principalmente, ao Piauí, que teve crescimento de 4% ou 131,9 mil toneladas e na Bahia, onde houve elevação de 7,1% ou 502,4 mil toneladas. “São duas Unidades da Federação que plantam a soja mais tarde, então, acabam colhendo mais tarde, favorecendo a expansão da estimativa”, justifica o pesquisador.
O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos da pesquisa. Somados, representam 92% da estimativa da produção e respondem por 87,1% da área a ser colhida.
Mato Grosso amplia participação e lidera produção nacional de grãos com 31%
O Mato Grosso segue como o maior produtor nacional de grãos do país, ampliando a participação para 31%, seguido pelo Paraná (15%), Rio Grande do Sul (9,5%), Goiás (9,5%), Mato Grosso do Sul (8,9%) e Minas Gerais (5,9%), que, somados, representaram 79,8% do total. Na divisão entre as regiões, o Centro-Oeste tem praticamente metade da produção (49,7%), seguido pelo Sul, com mais de um quarto (26,9%). Completam a lista Sudeste (9,5%), Nordeste (8,8%) e Norte (5,1%).